domingo, 28 de março de 2010

(IV)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob de Mello

1 DEFINIÇÕES E MENÇÕES ESPÍRITAS
1.1 - De Allan Kardec
“É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional”6.
“A mediunidade curadora (...) é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades (...) de obsessões”7. E ainda acrescenta: “(...) Aí nada queremos introduzir de pessoal e de hipotético, procedemos por via de experiência e de observação”.
“Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida do fluido perispiritual”8.
Diz ainda Kardec: “O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos (...)”9. Quando, estudando os possíveis problemas que poderiam surgir entre a “mediunidade curadora” e a lei, Kardec abriu indagações que, por si sós, ratificam o que dissemos acerca de ele usar os termos do magnetismo para se referir ao passe: “As pessoas não diplomadas que tratam os doentes pelo magnetismo; pela água magnetizada, que não é senão uma dissolução do fluido magnético; pela imposição das mãos, que é uma magnetização instantânea e poderosa; pela prece, que é uma magnetização mental; com o concurso dos Espíritos, o que é ainda uma variedade de magnetização, são passíveis da lei contra o exercício ilegal da medicina?”10.
Mesmo fazendo uso dos termos mais comuns a época, fica evidente que o passe foi considerado e estudado por Kardec com as mesmas seriedade e gravidade que se tornaram sua marca registrada na condução do árduo trabalho da Codificação Espírita.
Quando fazemos a ligação entre as terminologias empregadas hoje com as do “ontem recente”, pretendemos convir, sempre e mais uma vez, com Kardec quando, nos primórdios do Espiritismo, já nos orientava sobre o proveito advindo com a Doutrina Espírita, a qual nos lança, de súbito, numa ordem de coisas tão nova quão grande, que só pode ser obtido “Com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado”11. Daí a necessidade de sermos sérios e graves ante os assuntos do Espiritismo, em especial quando tratamos de temas pontilhados de personalismos, controvérsias e pouco estudo, como é o caso do passe.
6 KARDEC, Allan. Curas, In “A Gênese”, cap.14, item 34.
7 Da Mediunidade curadora. “Revista Espírita”, set. 1865.
8 KARDEC, Allan. O passamento. In “O Céu e o Inferno”, 2ª Parte, cap. 1, item 15.
9 KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 26, item
.10 A Lei e os médiuns. “Revista Espírita”, jul. 1867, p. 203.
11 KARDEC, Allan. Introdução. In “O Livro dos Espíritos”, item 8.
12 DENIS, Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In “No Invisível”, 2ª Parte, cap. XV, p. 182.

1.2 - Clássicas (Contemporâneos de Allan Kardec)

Angel Aguarod assim se pronunciou: “Deixemos as drogas e os tóxicos para os hipnotizadores e reservemos para os magnetizadores a medicina do espírito, pois na alma se concentra toda a sua força e todo o seu poder”13
Albeít De Rochas já fazia menção ao termo “passes”, assim como à imposição de mãos”. Observese, por exemplo, como o erudito escritor e engenheiro português, Dr. Antonio Lobo Vilela, fala sobre ele no seu livro “O Destino Humano”: “O processo experimental de De Rochas (utilizado para indução à regressão de memória) consiste no emprego de passes magnéticos longitudinais, combinados, por vezes, com a imposição da mão direita sobre a cabeça do passivo”. (Grifos originais)14. Mas falar de De Rochas seria praticamente dispensável já que todos os estudiosos do magnetismo, onambulismo e exteriorização da personalidade (desdobramento) não regateiam elogios e citações ao mesmo. Apesar disso, lembraríamos que após estudar a “transplantação” das doenças - que se dava fazendo-se passar as doenças de uma pessoa para outra ou então para um animal - sugerida por um certo abade Vallemonte, no livro, “Physique Occulte”, escrito em 1693, e que ressurgiu em fins do século passado, rebatizada por “traspasses” em plena Paris e implantada em alguns hospitais dali, concluiu ele pela ineficácia de ambos os métodos e, então, preferiu se utilizar dos passes nas suas sessões de estudo sobre os “eflúvios” e a “exteriorização da sensibilidade”.Para concluir este item, façamos um resumo histórico com Gabriel Delanne: “A ciência magnética compreende certo número de divisões, conforme as diferentes categorias de fenômenos “(...) Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes. “Os magos da Caldéia, os brâmanes da Índia curavam pelo olhar (...). Ainda hoje, na Ásia, (...) os faquires cultivam com êxito as práticas magnéticas (...).
“Os egípcios (...) empregavam, no alívio dos sofrimentos. os passes e a aposição de mãos, como os executamos ainda em nossos dias “
(...) Amóbio, Celso e Jâmblico ensinam em seus escritos que existia entre os egípcios, em todas as épocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposição das mãos e de insuflações (...) “(...) Os romanos também tiveram templos onde se reconstituía a saúde por operações magnéticas Conta Celso que Asclepíades de Pruse adormecia, magneticamente, as pessoas atacadas de frenesi
“(...) Quem obteve, porém, maior fama nessa matéria, foi Simão, “o mágico”, que, soprando nos epilépticos, destruía o mal de que estavam atacados.
“(...) Na Gália, os druidas e as druidesas possuíam em alto grau a faculdade de curar, como o atestam muitos historiadores; sua medicina magnética tornou-se tão célebre que os vinham consultar de todas as partes do mundo. (...) Na Idade Média, o magnetismo foi praticado, principalmente, pelos sábios
“(...) Avincena, doutor famoso, que viveu de 980 a 1036, escreveu que a alma age não só sobre o corpo, senão ainda sobre corpos estranhos que pode influenciar, a distância.
“Arnaud de Villeneuve foi buscar nos autores árabes o conhecimento dos efeitos magnéticos (...). “(...) Van Helmont dizia: (...) O magnetismo só tem de novo o nome (...)“(...) Em 1682, assinalaremos Greatrakes, na Inglaterra, que fez milagres, simplesmente com as mãos (...)”16, etc

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