quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O mundo em que vivemos

Dalva Silva Souza

O que estamos vendo em torno de nós? As manchetes dos jornais assustam. Embaixadas são incendiadas, terroristas agem em toda parte, tropas se confrontam em muitas terras, a economia se descontrola, circunstâncias imprevisíveis levam empresas sólidas à falência, sistemas e valores entram em colapso, instituições tradicionais como a Igreja e a Família são violentamente abaladas, teóricos pregam o fim da História. Não faltam as vozes pessimistas que apregoam o abismo, o caos, o fim do mundo.

Não podemos desconsiderar os perigos reais que nos cercam: desastres nucleares, o buraco na camada de ozônio, a quebra da cadeia biológica pela extinção de muitas espécies. Se a velocidade da destruição da natureza não se inverter, é possível que se atinja um ponto de ameaça à sobrevivência do homem na Terra. Ao lado dos problemas descritos, contudo, surgem evidências da emersão de novos potenciais bem no meio da destruição e da decadência: a descoberta de fontes alternativas de energia menos danosa ao meio ambiente; o estabelecimento de novas relações geopolíticas; a expansão dos meios de comunicação; a instalação de novos métodos de manufatura, com máquinas realizando o trabalho mecânico e alienante; a estruturação de novas formas de relacionamento familiar, novas idéias, novas classificações, novos conceitos. Os velhos modos de pensar, as fórmulas antigas e antigas ideologias, por mais úteis que tenham sido às sociedades do passado, não mais se adaptam aos fatos atuais.

Se olharmos o momento em que vivemos sob a ótica da revelação espírita, teremos motivos para desafiar o pessimismo que prevalece atualmente e concluiremos que o desespero e a desesperança são atitudes injustificadas. Segundo os Espíritos, são inúmeros os mundos habitados no Universo e podemos distribuí-los nas seguintes classificações: primitivos, de expiação e provas, de regeneração, ditosos, celestes ou divinos.¹

A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, mas deverá, no próximo milênio, passar para a classe dos mundos de regeneração. A vida nestes últimos não é acentuadamente diferente da que conhecemos, uma vez que os habitantes deles estão ainda sujeitos às leis que regem a matéria e experimentam como nós sensações e desejos, o que impede a vivência da perfeita felicidade. Mas, entre eles, o egoísmo e o orgulho não têm a predominância que observamos aqui e isso gera eqüidade nas relações sociais e, conseqüentemente, uma vida mais amena e tranqüila.

A transição de uma categoria de mundo para a outra não se processa sem abalos. Há um momento em que o antigo e o novo se confrontam, estabelecendo a desordem e uma aparência de caos. Estamos vivendo esse momento e precisamos saber o que faz parte do antigo e o que constitui o novo, para podermos colaborar decisivamente na construção da realidade nova com que sonhamos. Para ter esse discernimento, precisamos de muita atenção e cuidadosa observação, já que muitas coisas apresentadas como inovadoras podem ser disfarces de um passado que se recusa a ceder lugar ao que é verdadeiramente renovador.

A sociedade do mundo de regeneração já está, pois, emergindo em nossas vidas. Ela traz consigo novos estilos de família, novos modos de trabalhar, de amar e de viver, uma nova economia; novos conflitos políticos; uma consciência renovada. Muitas pessoas já conseguem assimilar o novo ritmo enquanto que outras, temerosas diante do desconhecido, agarram-se ao passado e tentam reestruturar modelos antigos.

Como espíritas, somos chamados a contribuir para a construção dessa nova sociedade. Aceitar ou não o chamamento depende exclusivamente de nós, da consciência que tenhamos do momento que estamos vivendo e da importância da nossa contribuição, como também da quantidade de energia que estejamos dispostos a investir no trabalho necessário.

É preciso começar pela percepção de que toda sociedade tem regras e princípios que permeiam suas atividades. Se essas regras e princípios se apoiarem no respeito às leis divinas, a sociedade tenderá a corresponder aos anseios naturais do homem, resultando em uma estrutura que propiciará o crescimento de todos. Caso contrário, ao desrespeitar as leis naturais, as instituições sociais passam a reprimir o homem, criam privilégios e exceções, geram a violência e inibem o verdadeiro progresso. Cabe-nos, quando nos dispomos ao trabalho de contribuir para a construção de uma nova sociedade, buscar o conhecimento das leis naturais e refletir sobre a sociedade em que vivemos, sobre a nossa posição nessa sociedade e sobre a ação que precisamos empreender.

Além disso, precisamos estar cientes de que o conjunto formado pela sociedade gera limites à atuação individual. Como ensinou John Lock:

"E, assim, cada indivíduo, ao consentir com os outros em formar um corpo político com um governo, coloca-se a si próprio sob a obrigação em relação a todos os outros membros dessa sociedade de se submeter à determinação da maioria e de aceitar suas decisões. Caso contrário, esse pacto original, pelo qual ele e os outros formam uma sociedade, não significaria nada, e não seria um pacto se ele permanecesse tão livre e tão sem obrigações quanto quando se encontrava no estado de Natureza.²

Respeitar o pacto que está em vigor, agindo para que o esclarecimento traga ao conjunto a possibilidade de novas determinações e, por conseguinte, de estabelecimento de alterações à vida do conjunto, eis o que se pode propor.

Fica claro então que o projeto de uma organização social que respeite as leis naturais deve realizar-se primeiramente pela educação dos indivíduos que compõem essa coletividade. Kardec aponta esse fato quando, ao analisar as aristocracias, afirma que o progresso pode determinar a redução considerável do comportamento vicioso, fazendo com que ele seja uma exceção, à medida que cada homem se eduque.³ Em vários pontos dos ensinos espíritas, percebemos esse cuidado em destacar o caráter individualizante da proposta educadora da Doutrina. Não há, pois, a intenção de se criar um movimento à semelhança dos sistemas religiosos, que já se estabeleceram na Terra com base no Cristianismo, que atuavam pela criação de um padrão de comportamento e imposição dogmática desse padrão aos adeptos, forçando-os a uma atitude de religiosidade apenas aparente, que não resistia à pressão dos impulsos ainda existentes na intimidade dessas criaturas. A História mostra que a hipocrisia institucionalizada foi o resultado dessa ação.

A ação espírita será a de difusão do conhecimento, para que o desenvolvimento de uma nova forma de entender a vida possa criar uma nova maneira de estar no mundo. O progresso do conjunto resultará do crescimento de cada um. "(...)a vulgarização universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade."4

Se queremos atuar verdadeiramente, auxiliando o advento do Mundo de Regeneração, trabalhemos pela divulgação das idéias espíritas, corrigindo as distorções no rumo do movimento que abraçamos, a fim de que os condicionamentos adquiridos em outros arraiais religiosos não venham a contaminar nossa ação, pela intromissão de atitudes dogmáticas e intolerantes. Não nos cabe julgar o companheiro que está ao nosso lado, nem limitar as suas possibilidades de escolha livre dos seus caminhos, mas sim ajudá-lo a encontrar, na luz do esclarecimento espírita, as razões das suas mazelas de hoje, a fim de que possa construir sua própria felicidade futura. Ao mesmo tempo, cabe-nos desafiar o pensamento pessimista desta época, mantendo o coração cheio de esperança e fé e a mente aberta para o aprendizado novo. Isso significa que precisamos educar-nos pelo esforço do auto-conhecimento e pelo desenvolvimento de um projeto consistente de reformulação interior. Tudo isso irá refletir-se beneficamente no conjunto em que estamos inseridos, melhorando as relações dentro da família e da coletividade. Reconheçamos com Emmanuel que "(...) ninguém é tão indigente que não possa concorrer para o progresso comum e tomemos com firmeza o lugar que nos compete no edifício da harmonia geral, distribuindo fragmentos de nós mesmos, no culto da fraternidade bem vivida".

1. KARDEC, Allan. “O Evangelho segundo o Espiritismo”. 112ª ed. Rio de Janeiro: FEB, cap. III.

2. REZENDE, Antônio. “Curso de Filosofia”. 6ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda 1986, cap.6.

3. KARDEC, Allan. “Obras Póstumas”. 26ª ed. Rio de Janeiro, FEB. 1978. As Aristocracias.

4. Idem, ibidem.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

29º EMEES

Todos os anos no período de carnaval acontece o Encontro Mocidades Espíritas do Espírito Santo, Emees, que em 2009 estará em sua 29º edição.

A programação gira em torno do tema A Geração Nova com estudos à luz da Doutrina Espírita, atividades artístico-doutrinárias, integração, música e oficinas.

O objetivo é oferecer aos participantes contribuições para a valorização do estudo sistemático do Espiritismo, a sensibilização para a vivência dos ensinamentos cristãos e intensificar a unificação do movimento juvenil espírita do Espírito Santo.


VISITEM O BLOG OFICIAL DO ENCONTRO NO ENDEREÇO: http://emees.wordpress.com

Na página do EMEES você pode obter todas as informações atualizadas, inclusive baixar um ringtone para o seu celular.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ex-ministro da Justiça escreve sobre Espiritismo

RAZÃO E RELIGIÃO
Miguel Reale Júnior
No ano que se inicia, comemora-se o centenário da morte do cientista e médico Cesare Lombroso, fundador da Antropologia Criminal. Lombroso foi, ao lado de Garófalo e Ferri, um dos epígonos da Escola Penal Positiva italiana, cujas ideias foram fruto do desenvolvimento das ciências naturais e da confiança nos métodos empírico-explicativos.
A explicação causal do crime nasce com Lombroso a partir de estudos da morfologia de diversos condenados e internados, observando dados físicos dos quais retira consequências acerca do desenvolvimento mental. Sinais exteriores como queixo prognata, testa curta, orelhas de abano são características correspondentes a tendências delituosas. Dessa maneira, há um criminoso nato cuja origem está no atavismo, na herança da idade selvagem. O delito é fruto inexorável desse homem incorrigível, em razão da não-evolução de aspectos físicos e psíquicos. Assim, Lombroso negava o livre-arbítrio por acreditar na determinação absoluta da prática delituosa por fatores antropológicos.
Além de O Homem Delinquente, escreveu Lombroso A Mulher Delinquente, estudo no qual afirmava, após exame das características da mulher como as físicas, a capacidade craniana, o esqueleto, o peso e estatura, a inteligência e a moralidade, que esta possui fundamentalmente caracteres que a aproximam do selvagem e da criança.
Lombroso, contudo, mais tarde, sob influência de Ferri deu relevo aos aspectos ambientais na produção do fato delituoso, além de concluir, no final da vida, em consequência de sua adesão ao espiritismo, que dentre os criminosos poucos poderiam ser considerados como natos.
Curiosa é a caminhada do cientista, aferrado à análise dos fatos e à comprovação de suas causas, em direção ao espiritismo. Lombroso não foi fulminado pelo milagre da graça ou conduzido por uma revelação entusiasmante de Deus e das verdades escatológicas, mas chegou à religião, como se verá, por força dos fatos dos quais se declara escravo.
Na Itália do último quartel do século 19, deu-se forte influência do espiritismo, mormente no meio científico. Lombroso negou-se diversas vezes a participar de experiências espíritas, que chegou a ridicularizar. Coincidiu sua estada em Nápoles, em março de 1891, com a do professor Chiaia e da médium Eusápia Paladino, de extraordinários poderes. Lombroso concordou em presenciar uma sessão, desde que no seu hotel, à luz do dia, com cuidados contra qualquer fraude.
Na primeira de uma centena de sessões com a médium, impressionou-o o fato de, estando Eusápia presa a uma cadeira, a cortina do quarto se ter desprendido para envolvê-lo.
Poucos meses após a primeira experiência espírita, em julho, Lombroso já manifestava se envergonhar de haver combatido com violência a possibilidade de fenômenos espíritas, pois, apesar de contrário à teoria, atestava que fatos existiam e se orgulhava de deles ser escravo.
Em 1890, afirmara, diante da verificação de levitações, de transporte de objetos e de materializações, que com relação à teoria espírita era um pequeno seixo na praia, a água não o cobria, mas a cada maré sentia estar sendo arrastado um pouco mais para o mar. Experiência impressionante foi a aparição, em 1902, de sua mãe em diversas sessões, uma figura com a mesma estatura e a mesma voz, na maioria das vezes chamando-o de "fiol mio", como era próprio de sua origem veneziana.
Indagado por um jornalista em 1906 sobre os fenômenos espíritas, Lombroso disse que por educação científica fora sempre contrário ao espiritismo, mas ao lado de eminentes observadores, médicos, físicos, químicos, biólogos constatou fatos. Assim, acreditava na evidência, nada mais, sem medo do ridículo ao afirmar fatos dos quais experimentalmente adquirira profunda convicção.
Escreveu, então, em 1909, perto de morrer, o livro Hipnotismo e Mediunidade, em cujo prefácio declara que se situou distante de toda a teoria para que a convicção surgisse espontânea dos fatos solidificados pela consciência emanada do consenso geral dos povos. Fez, então, uma consistente síntese das experiências mediúnicas ao longo do tempo, mostrando a analogia entre o que sucedeu com os povos antigos, com os povos indígenas, com os fenômenos ocorridos na Idade Média ou no Renascimento e com o que sucedeu naqueles dias na presença de ilustres cientistas.
Disse, então, possuir um mosaico de provas resistente às mais severas dúvidas. Dentre tantos fenômenos e experiências que relata, muitos dos quais testemunhou, curiosos são os casos judiciários, como o da revelação por espírito de jovem falecido em navio de ter sido envenenado com ingestão de amêndoas com rícino, fato este depois constatado por perícia.
Escravo dos fatos, Lombroso descobre pela experiência o espiritismo, o que não contraria sua formação científica, causal-explicativa.
Allan Kardec, no Livro dos Espíritos, reconhece o livre-arbítrio, mas admite que não são os caracteres físicos que determinam o comportamento, e sim a natureza do espírito encarnado, que pode ter inclinação para o mal, mas possui o poder de enfrentar com o seu querer a tendência manifestada. Lombroso reconhece, ao fim, a pouca incidência de hipóteses do criminoso nato.
Este escorço histórico, quando dos cem anos da desencarnação de Lombroso, recoloca a angustiosa questão do livre-arbítrio ou do determinismo. A meu sentir, a liberdade não pode ser indiferente. Cabe situar o homem em suas circunstâncias biológicas e sociais, pois age no mundo que o circunda. O homem possui uma liberdade, mais que situada, sitiada, sem deixar de ter, contudo, uma esfera de decisão última pela qual define a realização da vontade e a do seu próprio modo de ser. Sem liberdade perdem sentido a dignidade do homem e a imortalidade do espírito.
Miguel Reale Júnior, advogado, professor-titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras, foi secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, no governo Franco Montoro e ministro da Justiça.("O Estado de São Paulo", São Paulo, 3 de janeiro de 2009, p.2).

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Esperanto e o Movimento Espírita Brasileiro


A iniciativa de chamar a atenção dos espíritas para o Esperanto nós a devemos ao vulto ímpar de Leopoldo Cirne, quando, no exercício da presidência da Federação Espírita Brasileira, faz publicar manifestação de espíritas franceses a respeito do idioma que, então, contava apenas 22 anos de existência.
A argumentação contida nesse documento permanece atualíssima, destacando-se, sobretudo, um elemento de inspiração mais tarde cabalmente confirmado, isto é, o fato de que o Esperanto nasceu no plano espiritual para solucionar problema lingüístico lá existente. Juntamente com as mensagens A Missão do Esperanto, do Espírito Emmanuel, e O Esperanto como Revelação, do Espírito Francisco Valdomiro Lorenz, ambas recebidas psicograficamente por Francisco Cândido Xavier, respectivamente em 19.01.40 e 19.01.59, o artigo transcrito em REFORMADOR de 15 de fevereiro de 1909 compõe a tríade inspiradora das realizações esperantistas nos círculos espíritas do Brasil.
Eis a íntegra do escrito da autoria de J. Camille Chaigneau que, segundo REFORMADOR, havia sido impresso em 1908, na revista de Gabriel Delanne, e posteriormente reproduzido por “La Vie d’Outre Tombe”, de Charleroi, com o título O Esperanto e o Espiritismo:
“O Esperanto é uma língua artificial criada pelo Dr. Zamenhof, contando aderentes no mundo inteiro (mais de 80.000) e afirmando a sua vitalidade crescente, os seus progressos imensos em reuniões de Congressos notáveis, pela sua facilidade e seus méritos intrínsecos.
Existe a seu favor um argumento que tudo resolve: é falado.
Não ameaça qualquer língua nacional e foi escolhido por uma comissão de sábios como língua auxiliar internacional, recomendável à adoção nos diferentes países. Por isso, a maior parte dos movimentos de caráter universal começaram a servir-se do Esperanto.
Os documentos mais importantes vindos dos mais diversos países do mundo podem ser concentrados em uma revista comum, e, graças a uma língua neutra, ser postos ao alcance de todos os que estudam uma mesma ordem de questões. Pensando na quantidade de fatos que a nós espíritas nos escapam por falta de tradução, na demora que essa mesma tradução traz à nossa documentação, parece que o Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista central em que os fatos mais salientes possam vir grupar-se, graças a uma língua comum a todos os países.
É preciso, pois, que o Espiritismo aproveite essas vantagens. Somente o fato de se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno entre todos os esperantistas e favorece a intercomunicação das doutrinas escritas ou faladas. É de absoluta utilidade para toda idéia sincera.
A adesão de uma coletividade ao Esperanto é uma força de engrandecimento para esta língua, mas, em compensação, essa coletividade goza da força comunicativa intrinsecamente contida no Esperanto.
Se quiséssemos procurar a gênese dessa língua, verificaríamos que ela aparece como um fato de colaboração com o Invisível.
Essa impersonalidade constitui a sua superioridade; essa assistência faz a sua força de atração.
Todos aqueles que trabalham no campo do progresso concorrerão para esta obra tão bela e tão fecunda à aproximação dos homens. O Esperanto possui a chama da fraternidade; ele viverá.
Compete aos espíritas aproveitar as suas aspirações vivificantes e dar-lhes um reforço de vitalidade.”
*
O crescimento da família espírita mundial, impondo a necessidade das relações entre os movimentos de diferentes nações, deu-lhes mais nítida consciência do problema lingüístico com todo o seu cortejo de prejuízos materiais e espirituais. E o instrumento para que tal obstáculo seja facilmente removido está às mãos.
Como seria natural, aos espíritas brasileiros coube a tarefa de, acolhendo a nobre criação de Zamenhof, cultivá-la, difundi-la, utilizá-la em seus círculos, para que, no momento oportuno, os confrades de outras terras tivessem facilitada a sua adoção.
Cumpramos, pois, agora mais essa etapa do programa relativo ao Esperanto nos círculos do Espiritismo. Estendamo-lo aos nossos irmãos de outros continentes, façamos dele a nossa língua comum para as relações internacionais, e certamente conheceremos um surto de progresso digno de um ideal universalista como é o Espiritismo Cristão.


Affonso Soares