segunda-feira, 28 de abril de 2008

Estudando o Livro dos Espíritos - I

O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas, é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para as perguntas e respostas foi o empregado.

DEUS E O INFINITO

1. Que é Deus?

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

2. Que se deve entender por infinito?

“O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.”

3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?

“Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”

Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma, é definir uma coisa que não está conhecida por uma outra que não o está mais do que a primeira.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.

5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?

“A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma conseqüência do princípio — não há efeito sem causa.”

6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas?

“Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”

Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão-somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme
se dá com as noções científicas.

7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?

“Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.”

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa.

8. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?

“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.”

A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.

9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a atureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Camille Flamarion


Camille Flamarion, um espírita de grande cultura e erudição, viveu entre os séc XIX e XX na França, tendo sido grande amigo de Allan kardec. Ele foi um homem brilhante, interessado nas mais variadas ciências, estudioso desde pequeno e que soube como poucos aproveitar o tempo de forma produtiva.

Camille Flammarion nasceu em 1842 na França. Foi o mais velho de uma família de quatro filhos, e passou uma infância dura e com poucos recursos. Entretanto, desde muito jovem revelou qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que não conseguia fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já conhecia princípios de gramática e aritmética.

Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com um vigário. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. O padre falava da beleza da ciência, da Astronomia e o jovem Flammarion lhe bebia as palavras.Mais tarde, Camille foi trabalhar como aprendiz de gravador. Assim, ele pretendia pagar seus estudos na matemática, na língua inglesa e no latim. Queria obter o bacharelado e por isso estudava sozinho à noite. Como sempre foi humilde e nem sempre tinha como comprar velas, estudava ao clarão da lua, após 15 a 16 h diárias de trabalho.Ingressou na Escola de Desenho dos frades da Igreja de São Roque, e, tendo os domingos livres, naturalmente tratou de ocupá-los. Passou a assistir nesses dias às conferências feitas pelo abade sobre Astronomia. Com o tempo, juntou forças com seus colegas para difundir seus estudos de ciências, literatura e desenho, o que era um programa um tanto ambicioso.

Aos 16 anos de idade, Camille escreveu "Cosmogonia Universal", um livro de quinhentas páginas. Antes já havia escrito uma outra obra menor, "O Mundo antes da Aparição dos Homens". Assim era a vida de Camille Flamarion: estudar muito, trabalhar em exagero e nunca se sentir no direito de descansar...

Um belo domingo, ele desmaiou durante uma missa, o que lhe foi muito providencial. O médico, ao visita-lo, viu sobre sua cabeceira os manuscritos do seu livro sobre Cosmogonia e, impressionado, colocou-o no Observatório de Paris como aluno de Astronomia. Entretanto, lá o jovem Camille sofreu com as perseguições do diretor, que não aguentava um rapaz tão novo acompanhá-lo em estudos tão profundos.

Camille saiu do Observatório aos 20 anos, continuou com mais liberdade os seus estudos, sempre apaixonado por entender o Universo. Publicou no mesmo ano a obra "Pluralidade dos Mundos Habitados", atraindo a atenção da comunidade de estudiosos.Para conhecer a direção das correntes aéreas, realizou, aos 26 anos, alguns voos aerostáticas. Dois anos depois, ele publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes e a gravidade. Pela publicação de outra obra, "Astronomia Popular", foi premiado pela Academia Francesa, aos 38 anos.

Espírita convicto, amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, foi ele o escolhido para fazer a prece durante o enterro do Codificador do Espiritismo, na ocasião em que este desencarnou.

As obras deixadas por Camille, de uma forma geral, falam sobre o postulado espírita da pluralidade dos mundos habitados: "Os Mundos Imaginários e os Mundos Reais", "As Maravilhas Celestes", "Deus na Natureza", "Contemplações Científicas", "Narrações do Infinito", "Sonhos Estelares", "A Morte e seus Mistérios" entre muitas outras. Impressionante a energia deste homem, que desencarnou após uma vida de intensa produção aos 83 anos de idade, também na França.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Doutrina Espírita ou Espiritismo



O que é
  • É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
  • “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” Allan Kardec (O que é o Espiritismo – Preâmbulo)
  • “O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.” Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. VI – 4)

O que revela

  • Revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida.
  • Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

Sua abrangência


  • Trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, o Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humanos, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.

  • Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social.

Seus ensinos fundamentais


  • Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

  • O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.

  • Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.

  • No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.

  • Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

  • O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.

  • Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo.

  • Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.

  • Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.

  • Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento.

  • Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.

  • Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.

  • As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro.

  • Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.

  • A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

  • O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.

  • A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.

  • A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador.

  • A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. é este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

PRÁTICA ESPÍRITA

Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.


  • A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

  • O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

  • O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
    A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.

  • Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

  • O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

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“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”
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“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”
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O estudo das obras de Allan Kardec é fundamentalpara o correto conhecimento da Doutrina Espírita.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Caridade e oração

"O Centro Espírita Luiz Gonzaga" ia seguindo para a frente... Certa feita, alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado. O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se ao solo, de uma altura de quatro metros. O guia desaparecera e o cego vertia sangue pela boca. Sozinho, sem ninguém... Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico. Caridoso facultativo receitou, graciosamente. Mas o velhinho precisava de enfermagem. O médium velava junto dele à noite, mas durante o dia precisava atender às próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo. Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo. E Chico providenciou para que fosse publicada uma solicitação, rogando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente. Alguém que pudesse ajudar. Não importava que o auxílio viesse de espíritas, católicos ou ateus. Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse. Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe: - Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir... - Ah! Como não? - replicou o médium - Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz. Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam. Então, uma delas disse ao médium: - Chico, a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar. E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.

Fonte: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O Centro Espírita - Vianna de Carvalho (Espírito)

A medida que a Doutrina Espírita alcançava as mentes e os corações ansiosos de esclarecimento e consolo, aumentando a carga de trabalho do ínclito Codificador eis que ele fundou a 1º de Abril de 1858 a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que funcionou inicialmente na galeria de Valois, n° 35 em Palais-Royal.
Pára que ficassem definidos os seus objetivos, declarou-os no Artigo 1° do seu Regulamento:
-Tem por finalidade precípua o estudo dos fenômenos espíritas e das suas aplicações, as manifestações morais, físicas, psicológicas e históricas da sociedade.
Como continuasse a crescer o número de interessados no estudo dos postulados espiritistas, providenciou a ampliação do Regulamento ainda no mesmo ano, de forma a compatibilizar os interesses gerais com os fundamentos doutrinários da novel Ciência filosófica e religiosa.
Esse cuidado especial do mestre lionês preservaria a mensagem reveladora dos enxertos e adulterações que sempre ocorrem, na razão direta em que se expandem, em que se popularizam as idéias novas.
Dessa forma, aquela Sociedade se tornaria o primeiro Centro Espírita onde os debates saudáveis e os desdobramentos dos conteúdos científicos, filosóficos, morais e religiosos da Doutrina encontrariam campo para serem aprofundados.
Sob a sua presidência, as discussões permaneciam em alto nível e quando se tornavam acaloradas, a sua intervenção sábia acalmava os ânimos a sua autoridade moral e cultural silenciava os mais renitentes. Outrossim, ali teriam lugar as memoráveis tertúlias espirituais, quando venerandas Entidades, utilizando-se de médiuns sérios e dedicados ofereciam lições ricas de sabedoria consolando e iluminando os membros atenciosos interessados no próprio desenvolvimento intelecto-moral bem como no da Humanidade para a qual veio o Espiritismo.
Dirimiam-se dificuldades de interpretação e consolidavam-se no seu recinto as bases do pensamento espírita com vistas ao porvir da sociedade humana.
Exemplo, verdadeiro modelo de instituição, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas deixou precioso legado, que o Centro Espírita moderno atualiza e mantém.
Célula máter do Movimento por facultar-lhe o desenvolvimento e propagá-lo, é escola de relevante importância para quantos se interessam pelo Espiritismo.
É escola, por oferecer os mais significativos recursos culturais para a educação das almas, encarnadas ou não.
No seu labor desdobram-se as instruções que capacitam o aprendiz à conquista de uma existência feliz, enquanto adquire discernimento para conduzir-se com acerto. Ao mesmo tempo, propõe o limar das arestas e o disciplinar da conduta, aprimorando-a e condicionando-a às lições éticas do Evangelho de Jesus, desvelado pela interpretação racional que haure na Codificação.
Doutrina eminentemente educativa, o Espiritismo tem a ver com todos os ramos do conhecimento, por isso mesmo conclamando ao seu estudo sistematizado e cuidadoso, bem como à sua reflexão meticulosa. Nas suas classes ressaltam os valores da inteligência e da razão para serem cultivados, aplicados no comportamento como roteiro de segurança.
Igualmente é oficina de trabalho, por ensejar atividades múltiplas em benefício do próximo e da comunidade.
Sem lugar para a ociosidade dourada ou para a indiferença mórbida, a ação dignificadora nele se desdobra em mil expressões que elevam o ser. completando-o, planificando-o, dando-lhe sentido psicológico a existência planetária.
Desde a sua administração na busca incessante de qualidade até os serviços mais humildes quão indispensáveis, é celeiro de paz que resulta da valiosa aplicação das horas dos seus membros no trabalho libertador.
Da mesma forma é templo de oração, destituído de ritualística, de cerimonial, de qualquer tipo de culto externa, caracterizando-se pela simplicidade, sendo agradável e propicio à elevação dos pensamentos a Deus e à ação da caridade em todas as suas expressões.
Nas suas dependências devam ser preservadas os valores morais, a compostura, a dinâmica do amor, a fim de que a perfeita sintonia com Deus Jesus e os Espíritos Nobres tornem-no ambiente saturado por sutis vibrações, que proporcionam a paz e a renovação.
Lugar de reequilibro e de harmonia, é, também, hospital de almas no qual terapias especializadas-passes água fluidificada (bioenergia), oração, desobsessão e iluminação de consciência -facultem a saúde do corpo, da mente e do espírito, emulando o paciente ao avanço, à vitória sobre si mesmo, sobre as paixões primitivas, que nele predominam.
Não pode ser confundido, porém, com Nosocômios, Casas de Saúde, Clinicas Médicas e semelhantes, competindo com as mesmas, portadoras de bases acadêmicas, pois que desvirtuaria a sua finalidade essencial passando a conflitar com as Entidades especializadas no mister, as quais deve auxiliar e não produzir perturbação.
No seu ambiente não há lugar para exibicionismo de natureza alguma que faça recordar os palcos do mundo, nos quais se projetam os conflitos do ego humano e as lutas características das naturais promoções competitivas do ser.
Tampouco, pode agasalhar ou dar curso às inovações que ressumam do orientalismo ancestral ou das terapias alternativas atuais, desfigurando-/he, entorpecendo-lhe a finalidade superior.
O Centro Espírita é laboratório para experiências, pesquisas mediúnicas elevadas e cumulativas, que confirmam sempre os postulados básicos exarados nas Obras fundamenteis que Allan Kardec divulgou, completando a Codificação
Não é estanque o trabalho que nele se desenvolve, também não é fruto dos modismos; é isento de ortodoxias ou de atavismos; não enseja novidades frívolas ou aterradoras, muito do agrado daqueles que pensam nas glórias vãs da Terra em detrimento da responsabilidade e da seriedade que sempre devem constituir os seus programas.
O Centro Espírita é campo de luz aberto a todos aqueles que tateiam nas trevas da ignorância, da presunção e do egoísmo apontando rumos de libertação.
Atualizá-lo, sem lhe modificar os objetivos básicos; desenvolver as suas atividades, sem lhe alterar as estruturas ético-morais; qualificá-lo para os grandes momentos da hora presente como do futuro é dever de todos os espíritas, preservando as bases doutrinárias que nele devam viger: amor e estudo, ação da caridade fora da qual não há salvação, assim confirmando a promessa do Consolador, feita por Jesus, que abriria os braços para albergar, confortar e libertar todos aqueles que o busquem.

Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão mediúnica da noite de 25 de julho de 1995, no Centro Espirita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Clube do Livro da Federação Espírita Brasileira


O Clube do Livro Espírita da Federação Espírita Brasileira é um serviço de comercialização de livros, tendo como foco principal a divulgação da Doutrina Espírita. Mediante o pagamento da assinatura, o associado receberá, mensalmente, um livro em sua casa durante a vigência do contrato. Dentre as vantagens para o associado estão desconto de 5% nas compras pela livraria virtual da FEB, pagamento com valor inferior ao preço de capa do livro, recebimento dos lançamentos em primeira mão e inclusão do frete na assinatura. Quem desejar se associar pode escolher entre duas modalidades: semestral ou anual. Para informações sobre valores ou esclarecimento de dúvidas, basta acessar o site http://www.feblivraria.com.br/

quarta-feira, 2 de abril de 2008



ATENDIMENTO FRATERNO PELA INTERNET

O Atendimento Fraterno pela Internet, tem como objetivo primordial receber e orientar as pessoas que o procuram, facultando-lhes uma compreensão elevada de suas dificuldades á luz da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus. É a terapia do amor, envolvendo o usuário num clima de paz, tranquilidade, confiança e descontração, conduzindo a pessoa a fazer espontaneamente a sua "catarse", falando objetiva e sinteticamente de seu problema e aflição.

Atendimento on line - Terças-feira ás 22:00 h pelo Paltalk sala Espiritismo.net Atendimento (América Central - Brasil)

Atendimento of line - Formulário no site http://www.espiritismo.net/

terça-feira, 1 de abril de 2008

O PERIGO DE SER O MAIOR

A propagação do Espiritismo se tem feito, entre nós, muito mais através da prática do que da teoria, ou seja, do estudo doutrinário. Contam-se por verdadeira multidão as pessoas que se tornaram espíritas e freqüentam sessões sem jamais haverem lido “O Livro dos Espíritos” ou qualquer outra das obras básicas da doutrina. Quando muito, essas pessoas têm ouvido falar de Kardec nas palestras e conferências espíritas, e tem recebido alguns ensinamentos através da leitura de uma página ou outra de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nas deficientes sessões teóricas que alguns Centros ainda praticam, uma vez por semana.

Essa situação do Espiritismo no Brasil é a mais estranha e paradoxal que se poderia imaginar. Espiritismo é doutrina. Bastaria isto para nos mostrar a impossibilidade de praticar Espiritismo sem o conhecimento dos seus princípios. A prática doutrinária devia ser uma conseqüência do estudo e da assimilação da teoria. As sessões teóricas, por isso mesmo, deviam ser mais numerosas do que as sessões práticas. Ao invés de cada Centro realizar três e quatro sessões práticas por semana e apenas uma de teoria, o contrário é que devia ser feito.

Vejamos um exemplo corriqueiro. Pode alguém praticar a odontologia, curar e arrancar dentes, sem primeiro ter aprendido a profissão? Antigamente existiam os dentistas práticos, e ainda hoje existem alguns licenciados. É verdade que eles não cursaram escolas, mas antes de se entregarem à prática tiveram de aprender com outro profissional. Outro exemplo, ainda mais banal, é o do barbeiro. Pode alguém abrir um salão e praticar a arte, sem antes ter aprendido? O mesmo se dá no futebol. É possível jogá-lo, sem conhecer as regras do jogo, sem antes aprender?
Esses exemplos, pela sua própria natureza popular, de fácil compreensão por todos, devem estar constantemente na boca dos doutrinadores e dos dirigentes de associações espíritas. Ora, se para ser dentista, barbeiro ou futebolista, ninguém pode deixar de lado a teoria, o estudo, o aprendizado, que dizer do Espiritismo, que é coisa muito superior à odontologia, à arte de barbear e ao jogo de futebol? Se ninguém pode realizar com perfeição e segurança um simples ato material mecânico, sem grande importância, como pode entregar-se a coisas muito mais sérias e complicadas, como a recepção e doutrinação de Espíritos?

O erro fundamental do Espiritismo em nosso País está justamente nesse problema, que precisamos solucionar. A mistificação tomou conta de grande número de nossas sociedades, porque os seus dirigentes não se prepararam devidamente para a tarefa árdua, difícil e séria, que resolveram tomar sobre os ombros. Mas, o responsável maior por esse fato não é a ignorância, como pensam muitos. Não. A ignorância tem a sua parte de responsabilidade, sem dúvida, mas a responsabilidade maior é da vaidade, do orgulho, da pretensão. Porque a pessoa pode ser ignorante e não ser vaidosa. Então, ela não se arrogará o direito de dirigir os outros, de ensinar o que não sabe, de acreditar na tapeação dos chamados “guias”, que lhe dizem a todo instante ser ela “a maior no Grupo ou Centro a que pertence”.

O combate à prática indiscriminada do Espiritismo, feita sem o devido conhecimento da doutrina, deve, portanto, ser desenvolvido sem esmorecimentos. Esse combate tem também objetivo e conseqüências morais, visando à reforma íntima dos nossos confrades. Mostrando-lhes os erros em que tem incorrido, contribuímos para que eles compreendam o erro maior, que está nos seus próprios corações, ou seja, o erro da vaidade, e da mais tola das vaidades, aquela que não se baseia senão em si mesma.

É necessário que esclareçamos bem este ponto. Vamos, pois, a um exemplo material, pois nada melhor do que as figuras, para dizerem as coisas de maneira eficiente. Quem não conhece a história daquele homem que, por força dos elogios, se convenceu de que era peão e montou um burro chucro, para ser logo atirado ao chão pelo animal? Pois essa história nos dá a imagem perfeita do presidente de Centro, diretor de trabalhos ou doutrinador que não estudou, não estuda e não conhece a doutrina. Os Espíritos mistificadores dizem que ele “é o tal”, ensinam-lhe uma porção de bobagens, que ele não pode saber se estão certas ou erradas, e depois o atiram no lombo de um burro chucro. É por isso que vemos por aí, em tantos Centros, presidentes e doutrinadores com os olhos cheios de areia. Não enxergam nada, porque caíram do burro e a areia lhes tapou a vista.

Para ser espírita é preciso conhecer o Espiritismo. Para doutrinar Espírito é preciso saber doutrina. O que é doutrinar? Não é ensinar doutrina? E como pode alguém doutrinar, se não conhecer doutrina? O resultado dessa confusão é que os doutrinadores se afundam num emaranhado de bobagens, ensinando coisas que o Espiritismo condena. Fazem como os fariseus, de que falava Jesus, que não entram no céu e não deixam os outros entrarem. Eles não aprendem doutrina e não deixam os outros aprenderem, porque cheios de si e vazios de Cristo, só falam das suas próprias tolices.

Cada presidente de Centro, cada orador, cada doutrinador espírita tem sobre os ombros uma grande responsabilidade, que é a da difusão da verdadeira doutrina. Que cada qual, pois se compenetre dessa responsabilidade, e não se assuste de ser ignorante, pois todos os somos, numa coisa ou noutra, mas não queira nunca ser o peão que os falsos elogios atirou ao lombo do burro chucro. A ignorância tem remédio através do estudo; mas a vaidade, essa é cega e teimosa como uma bruxa.
J. Herculano Pires