domingo, 14 de março de 2010

II)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
Antes de prosseguirmos, analisemos as situações apresentadas já que, por serem muito comuns, justificam aproveitemos o ensejo.

1. "Foi fulano que me ensinou assim"; esta é a típica desculpa da pessoa que se sente (ou se diz) sempre "indisposta" e que, portanto, "não tem tempo para estudar". Perguntamos: será que só falta tempo mesmo para o estudo? E nosso propósito de servir ao próximo não merece de nós mesmos um pouco mais de esforço e dedicação? Será que nós gostaríamos de sermos atendidos, por exemplo, por um médico que nunca tem tempo para estudar? E será que a pessoa (ou a obra, Instituição, curso, etc.) que nos ensinou, ensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber reconhecer sem estudar? Bem se vê que só o estudo pode fornecer a segurança devida e nos coloca racionalmente ante nossos compromissos para com os irmãos que buscam nossa ajuda.

2. “Jesus só impunha as mãos e curava, portanto (...)"; aqui já não se trata de simples falta de estudo, mas, de desconhecimento até d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportunidade de (KARDEC, Allan. Da lei de adoração. In “O Livro dos Espíritos”, Parte 3ª, cap.2, item Adoração exterior, questão 655). apresentar várias situações envolvendo a ação fluídico-magnética do Cristo e veremos que não era só por imposição de mãos que Ele agia. Fica, desde já, a recomendação de que façamos uma leitura daquele livro, para conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais e práticos de como atuar nas curas.

3. "Já faz tanto tempo que aplico assim e dá bons resultados"; de fato, nada nos impede de procedermos sempre de uma única maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem; contudo, isto jamais quererá dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a apenas um método, a uma só ação, pois, nada há no mundo que seja ou deva ser tão restritamente especializado, Além do estudo e da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criatividade (no bom sentido) a fim de favorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" é considerado como resultado positivo não descarta a grande possibilidade de, em se melhorando o método ou as técnicas, obtê-lo mais excelente ainda "amanhã".

4. "Como a técnica é dos Espíritos, deixo que me utilizem e não atrapalho"; com toda franqueza, os que assim agem tomam uma postura, no mínimo, ridícula. Se nós evoluímos tanto nos Planos Espirituais quanto na Terra, por que não começarmos nosso aprendizado aqui, para aprimorá-lo quando lá estivermos?
Por que não pensarmos, a despeito dos Espíritos serem os grandes detentores das técnicas, que nossos conhecimentos e estudos contribuirão eficazmente nos processos de atendimentos fluidoterápicos, pois, permitirão que o trabalho se realize de forma mais participativa? E afinal, queremos ser médiuns passistas de fato ou simples marionetes nas mãos dos Espíritos?
E os Espíritos Superiores, por sua vez, estarão solicitando nossa participação como meros brinquedos liberadores de fluidos ou como companheiros efetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas necessitadas? Meditemos; meditemos bem, pois, assim como não nos cabe "atrapalhar" os trabalhos dos Espíritos amigos, compete-nos o dever de darmos e fazermos o melhor de nós mesmos, sempre!
Retomando nossa idéia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa descobrimos que a bibliografia não Espírita sobre o assunto é muitas vezes mais volumosa e variada que a nossa, o que, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Após "correr" as obras Espíritas sobre o passe e as "clássicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas outras, nas quais encontramos: fartas pesquisas, sérios aprofundamentos, hipóteses intrigantes e instigantes, e muitas novidades.
Infelizmente, porém, tudo de bom que lá se encontra quase sempre está misturado com muitas bobagens, montes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, graças a Deus) afrontas à moral, a Medicina e aos princípios éticos do bom senso, e tantos absurdos destituídos de qualquer lógica ou respaldo.
Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conseguirmos extrair dali as "pérolas dos bons ensinamentos", procurando não confundi-las com as "argilas endurecidas e cristalizadas dos equívocos e despropósitos" tão virulentamente a elas agregadas.
Nessa "garimpagem", concluímos pelo que excedia em evidência: grandes descobertas, graves estudos, profundas pesquisas e excelentes práticas podem e devem ser encetados nesta área pelos espíritas, pois, sem dúvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a céu aberto" (a Doutrina Espírita), o que nos livra de qualquer escuridão; contamos com cinco "mapas" (o Pentateuco Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiritualidade Superior) com profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes técnicos" (as obras subsidiárias de Espíritos como André Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de Miranda) de riquíssima precisão; temos à mão informações "geológicas do solo" com perfis (as obras clássicas e modernas do Magnetismo) já devidamente testados; não nos faltam "elementos" ("nossos" pacientes) para trabalharmos em nossa mineração;
possuímos "ferramentas" de primeira qualidade (nossa boa vontade e a disposição de servir); e, como se não bastasse, o nosso senhor é o maior e o melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristo, em nome de Deus).
Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo porque, aquilo que apresentamos como crítica generalizada logo no início desta "explicação", antes que em qualquer pessoa ou Instituição, ela foi aplicada sobre nós mesmos, com toda veemência e honestidade possível.
E por pensarmos que não seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa, análise e estudo, no qual encontramos verdadeiras "jóias raras", e não dividirmos as benesses daí advindas (tal como exemplificou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira edição de "O Livro dos Espíritos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim contribuirmos para um enriquecimento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe, da parte de todos nós.
(ESTA PUBLICAÇÃO SERÁ RENOVADA SEMANALMENTE)

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