(IV)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob de Mello
1 DEFINIÇÕES E MENÇÕES ESPÍRITAS
1.1 - De Allan Kardec
“É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional”6.
“A mediunidade curadora (...) é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades (...) de obsessões”7. E ainda acrescenta: “(...) Aí nada queremos introduzir de pessoal e de hipotético, procedemos por via de experiência e de observação”.
“Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida do fluido perispiritual”8.
Diz ainda Kardec: “O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos (...)”9. Quando, estudando os possíveis problemas que poderiam surgir entre a “mediunidade curadora” e a lei, Kardec abriu indagações que, por si sós, ratificam o que dissemos acerca de ele usar os termos do magnetismo para se referir ao passe: “As pessoas não diplomadas que tratam os doentes pelo magnetismo; pela água magnetizada, que não é senão uma dissolução do fluido magnético; pela imposição das mãos, que é uma magnetização instantânea e poderosa; pela prece, que é uma magnetização mental; com o concurso dos Espíritos, o que é ainda uma variedade de magnetização, são passíveis da lei contra o exercício ilegal da medicina?”10.
Mesmo fazendo uso dos termos mais comuns a época, fica evidente que o passe foi considerado e estudado por Kardec com as mesmas seriedade e gravidade que se tornaram sua marca registrada na condução do árduo trabalho da Codificação Espírita.
Quando fazemos a ligação entre as terminologias empregadas hoje com as do “ontem recente”, pretendemos convir, sempre e mais uma vez, com Kardec quando, nos primórdios do Espiritismo, já nos orientava sobre o proveito advindo com a Doutrina Espírita, a qual nos lança, de súbito, numa ordem de coisas tão nova quão grande, que só pode ser obtido “Com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado”11. Daí a necessidade de sermos sérios e graves ante os assuntos do Espiritismo, em especial quando tratamos de temas pontilhados de personalismos, controvérsias e pouco estudo, como é o caso do passe.
6 KARDEC, Allan. Curas, In “A Gênese”, cap.14, item 34.
7 Da Mediunidade curadora. “Revista Espírita”, set. 1865.
8 KARDEC, Allan. O passamento. In “O Céu e o Inferno”, 2ª Parte, cap. 1, item 15.
9 KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 26, item
.10 A Lei e os médiuns. “Revista Espírita”, jul. 1867, p. 203.
11 KARDEC, Allan. Introdução. In “O Livro dos Espíritos”, item 8.
12 DENIS, Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In “No Invisível”, 2ª Parte, cap. XV, p. 182.
1.2 - Clássicas (Contemporâneos de Allan Kardec)
Angel Aguarod assim se pronunciou: “Deixemos as drogas e os tóxicos para os hipnotizadores e reservemos para os magnetizadores a medicina do espírito, pois na alma se concentra toda a sua força e todo o seu poder”13
Albeít De Rochas já fazia menção ao termo “passes”, assim como à imposição de mãos”. Observese, por exemplo, como o erudito escritor e engenheiro português, Dr. Antonio Lobo Vilela, fala sobre ele no seu livro “O Destino Humano”: “O processo experimental de De Rochas (utilizado para indução à regressão de memória) consiste no emprego de passes magnéticos longitudinais, combinados, por vezes, com a imposição da mão direita sobre a cabeça do passivo”. (Grifos originais)14. Mas falar de De Rochas seria praticamente dispensável já que todos os estudiosos do magnetismo, onambulismo e exteriorização da personalidade (desdobramento) não regateiam elogios e citações ao mesmo. Apesar disso, lembraríamos que após estudar a “transplantação” das doenças - que se dava fazendo-se passar as doenças de uma pessoa para outra ou então para um animal - sugerida por um certo abade Vallemonte, no livro, “Physique Occulte”, escrito em 1693, e que ressurgiu em fins do século passado, rebatizada por “traspasses” em plena Paris e implantada em alguns hospitais dali, concluiu ele pela ineficácia de ambos os métodos e, então, preferiu se utilizar dos passes nas suas sessões de estudo sobre os “eflúvios” e a “exteriorização da sensibilidade”.Para concluir este item, façamos um resumo histórico com Gabriel Delanne: “A ciência magnética compreende certo número de divisões, conforme as diferentes categorias de fenômenos “(...) Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes. “Os magos da Caldéia, os brâmanes da Índia curavam pelo olhar (...). Ainda hoje, na Ásia, (...) os faquires cultivam com êxito as práticas magnéticas (...).
“Os egípcios (...) empregavam, no alívio dos sofrimentos. os passes e a aposição de mãos, como os executamos ainda em nossos dias “
(...) Amóbio, Celso e Jâmblico ensinam em seus escritos que existia entre os egípcios, em todas as épocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposição das mãos e de insuflações (...) “(...) Os romanos também tiveram templos onde se reconstituía a saúde por operações magnéticas Conta Celso que Asclepíades de Pruse adormecia, magneticamente, as pessoas atacadas de frenesi
“(...) Quem obteve, porém, maior fama nessa matéria, foi Simão, “o mágico”, que, soprando nos epilépticos, destruía o mal de que estavam atacados.
“(...) Na Gália, os druidas e as druidesas possuíam em alto grau a faculdade de curar, como o atestam muitos historiadores; sua medicina magnética tornou-se tão célebre que os vinham consultar de todas as partes do mundo. (...) Na Idade Média, o magnetismo foi praticado, principalmente, pelos sábios
“(...) Avincena, doutor famoso, que viveu de 980 a 1036, escreveu que a alma age não só sobre o corpo, senão ainda sobre corpos estranhos que pode influenciar, a distância.
“Arnaud de Villeneuve foi buscar nos autores árabes o conhecimento dos efeitos magnéticos (...). “(...) Van Helmont dizia: (...) O magnetismo só tem de novo o nome (...)“(...) Em 1682, assinalaremos Greatrakes, na Inglaterra, que fez milagres, simplesmente com as mãos (...)”16, etc
domingo, 28 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
(III)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
É preciso confessar, entretanto, que não garimpamos sozinhos; contamos com muitas ajudas, de todos os níveis e de todos os "planos". Todas, sem exceção, foram valiosíssimas; mesmo aquelas que, de momento, não conseguimos entender, fossem por estarem além de nossa capacidade de tirocínio ou por extrapolarem os largos limites de nossa imperfeição. Por isso mesmo, todos os méritos deste trabalho são dos Espíritos (encarnados e desencarnados) que - na pessoa dos vários autores consultados, dos amigos que sempre vibraram por nós outros, dos familiares e companheiros que aturaram nossa "teimosia por escrever um livro", dos críticos que escolhemos (e aqui
queremos fazer uma ressalva especial para citar a estimada confreira Sarah Jane, pois, devemos a ela uma gratidão enorme, pelo seu empenho e destemor, inteligência e seriedade, estudo e atenção, sem o que esta obra estaria incompleta e com limitações) e dos que se escolheram, dos irmãos que apreciaram os rascunhos e os originais, orientando-nos, todos, com suas judiciosas ponderações, daqueles que tenham tentado
nos deter ou atrapalhar nossa manifesta intenção de concluir tal trabalho, e dos que nos ajudaram direta e indiretamente, de forma reconhecida ou anonimamente - só contribuíram para a ocorrência de tudo de bom que aqui se encontre.
Entretanto, queremos registrar, explicitamente, que é do autor, e só dele, de maneira indivisível e absoluta, todo e qualquer ônus que pese por quaisquer equívocos, indelicadezas, desvios ou colocações menos felizes que, porventura, sejam ou venham a ser localizadas nesta obra, pois, temos certeza plena de que se tal se der terá sido por exclusiva pequenez deste menor dos menores irmãos de Jesus, deste que se reconhece
como um dos mais modestos dos discípulos de Kardec.
Jacob Luiz de Melo
Natal (RN), outubro de 1991.
CAPÍTULO I - O PASSE - DEFINIÇÕES
“A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade
que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora” - (Allan Kardec)2
É fora de dúvida que nenhuma Ciência pode ser bem entendida quando não se busca, antes, o conhecimento de sua base, de seus fundamentos. Sendo o Espiritismo, de fato e por definição, uma Ciência e como tal estabelecida por seu insigne Codificador, compete-nos buscar-lhe os princípios para não vagarmos em raciocínios periféricos quando nosso propósito é o do conhecimento coerente. Os conhecidos “fatos espíritas”, hoje denominados “fenômenos mediúnicos”, ao lado da aplicação analisada e estudada do Magnetismo, foram os propiciadores da parte cientifica da Doutrina Espírita. Allan
Kardec, entretanto, não se limitou a observá-los e estudá-los com profundidade; a partir daí, ele compôs todo o arcabouço teórico e prático do Espiritismo. Desde então tornou-se inconcebível estudar-se a mediunidade sem sedimentar alicerces nos registros kardequianos. Tal tentativa equivaleria a se querer edificar uma construção de grande porte sem antes certificar-se das condições do solo nem cuidar da robustez de suas fundações. Afinal, sem base sólida e robusta não há construção segura. Decorrentemente, o presente estudo sobre o passe, o qual é uma das mais usuais derivações práticas da mediunidade e do magnetismo na Casa Espírita, para ser coerente e consentâneo com a Doutrina dos Espíritos, estará revestido de grande cuidado quanto a sua fundamentação doutrinária. Não queremos fugir da figura evangélica que lembra ser prudente o homem que constrói sua casa sobre a rocha para assim suportar a chuva que cair, os rios que transbordarem e os ventos que sobre ela se abaterem3. Daí iniciarmos por Allan Kardec e seu Pentateuco, símbolos maiores da sólida rocha doutrinária do Espiritismo, e com ele seguirmos até o fim da obra.
Na síntese em epígrafe, é inequívoca a seriedade com que Kardec se postou ante a “mediunidade curadora”. Tanto assim que a ela se refere como uma “coisa santa”, claramente ressaltando a nobreza de caráter da qual deve se revestir todo aquele que se disponha a esse verdadeiro labor divino, a fim de agir, em todos os momentos, “santamente, religiosamente”. Mas, caráter nobre é formatura adquirida nos modos e
hábitos diários e não apenas em certos momentos, quase sempre vivenciados na esporadicidade de fundo imediatista, interesseiro ou comodista Conscientes dessa posição, podemos analisar inicialmente alguns aspectos que dizem respeito as definições e menções que adiante iremos apreciar. Isso porque não foi normalmente sob o nome passe, mas, via de regra, como “dom de curar”, “mediunidade curadora”, “imposição de mãos”, que o Codificador se referiu ao assunto em estudo. Além disso, em diversas ocasiões tratou deste tema nominando-o, genericamente, “magnetismo”, ainda que nessas oportunidades não deixasse dúvidas sobre que tipo de magnetismo4
se referia.
Na definição de mediunidade curadora dada por Kardec (é gênero de mediunidade que “consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação”5), já se percebe a abrangência com que ele tratou a matéria
Uma outra verificação bastante comum é que, se formos analisar enciclopédias e dicionários, notaremos que nem todas as referências existentes são em relação ao passe (no singular), que é a maneira usualmente empregada tanto no meio Espírita como na literatura espiritualista em geral, mas, preferencialmente, aos passes (no plural).
Importa ainda considerar que o termo “passe” tem significados distintos. Inicialmente era o passe apenas o nome dado ao gesto (ou ao conjunto destes) com fins de se movimentar “eflúvios”. Depois, entendido como atividade de cura, generalizou-se como a própria política da cura. No entendimento Espírita, ora é evocado como um, ora como outro sentido. Apesar disso, na maneira como venha a se empregar o termo, passe tanto pode ser entendido como uma terapia espírita, como uma parte do magnetismo, como
uma técnica de cura ou ainda como o sentido genérico da “fluidoterapia”.
Isto posto, vamos às definições, menções e equívocos que envolvem nosso assunto, advertindo antecipadamente que limitaremos tais abordagens pois ao longo da obra surgirão muitas outras oportunidades para novas citações, das mais variadas fontes.
2 KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 26,
item 10.
3 Mateus, VII, vv. 24 e 25.
4 Trataremos do assunto com mais detalhes no capítulo VIII - As Técnicas.
5 KARDEC, Allan. Médiuns curadores. In “O Livro dos Médiuns”, cap. 14, item 175b.
(ESTA PAGINA SERÁ MODIFICADA SEMANALMENTE)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
É preciso confessar, entretanto, que não garimpamos sozinhos; contamos com muitas ajudas, de todos os níveis e de todos os "planos". Todas, sem exceção, foram valiosíssimas; mesmo aquelas que, de momento, não conseguimos entender, fossem por estarem além de nossa capacidade de tirocínio ou por extrapolarem os largos limites de nossa imperfeição. Por isso mesmo, todos os méritos deste trabalho são dos Espíritos (encarnados e desencarnados) que - na pessoa dos vários autores consultados, dos amigos que sempre vibraram por nós outros, dos familiares e companheiros que aturaram nossa "teimosia por escrever um livro", dos críticos que escolhemos (e aqui
queremos fazer uma ressalva especial para citar a estimada confreira Sarah Jane, pois, devemos a ela uma gratidão enorme, pelo seu empenho e destemor, inteligência e seriedade, estudo e atenção, sem o que esta obra estaria incompleta e com limitações) e dos que se escolheram, dos irmãos que apreciaram os rascunhos e os originais, orientando-nos, todos, com suas judiciosas ponderações, daqueles que tenham tentado
nos deter ou atrapalhar nossa manifesta intenção de concluir tal trabalho, e dos que nos ajudaram direta e indiretamente, de forma reconhecida ou anonimamente - só contribuíram para a ocorrência de tudo de bom que aqui se encontre.
Entretanto, queremos registrar, explicitamente, que é do autor, e só dele, de maneira indivisível e absoluta, todo e qualquer ônus que pese por quaisquer equívocos, indelicadezas, desvios ou colocações menos felizes que, porventura, sejam ou venham a ser localizadas nesta obra, pois, temos certeza plena de que se tal se der terá sido por exclusiva pequenez deste menor dos menores irmãos de Jesus, deste que se reconhece
como um dos mais modestos dos discípulos de Kardec.
Jacob Luiz de Melo
Natal (RN), outubro de 1991.
CAPÍTULO I - O PASSE - DEFINIÇÕES
“A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade
que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora” - (Allan Kardec)2
É fora de dúvida que nenhuma Ciência pode ser bem entendida quando não se busca, antes, o conhecimento de sua base, de seus fundamentos. Sendo o Espiritismo, de fato e por definição, uma Ciência e como tal estabelecida por seu insigne Codificador, compete-nos buscar-lhe os princípios para não vagarmos em raciocínios periféricos quando nosso propósito é o do conhecimento coerente. Os conhecidos “fatos espíritas”, hoje denominados “fenômenos mediúnicos”, ao lado da aplicação analisada e estudada do Magnetismo, foram os propiciadores da parte cientifica da Doutrina Espírita. Allan
Kardec, entretanto, não se limitou a observá-los e estudá-los com profundidade; a partir daí, ele compôs todo o arcabouço teórico e prático do Espiritismo. Desde então tornou-se inconcebível estudar-se a mediunidade sem sedimentar alicerces nos registros kardequianos. Tal tentativa equivaleria a se querer edificar uma construção de grande porte sem antes certificar-se das condições do solo nem cuidar da robustez de suas fundações. Afinal, sem base sólida e robusta não há construção segura. Decorrentemente, o presente estudo sobre o passe, o qual é uma das mais usuais derivações práticas da mediunidade e do magnetismo na Casa Espírita, para ser coerente e consentâneo com a Doutrina dos Espíritos, estará revestido de grande cuidado quanto a sua fundamentação doutrinária. Não queremos fugir da figura evangélica que lembra ser prudente o homem que constrói sua casa sobre a rocha para assim suportar a chuva que cair, os rios que transbordarem e os ventos que sobre ela se abaterem3. Daí iniciarmos por Allan Kardec e seu Pentateuco, símbolos maiores da sólida rocha doutrinária do Espiritismo, e com ele seguirmos até o fim da obra.
Na síntese em epígrafe, é inequívoca a seriedade com que Kardec se postou ante a “mediunidade curadora”. Tanto assim que a ela se refere como uma “coisa santa”, claramente ressaltando a nobreza de caráter da qual deve se revestir todo aquele que se disponha a esse verdadeiro labor divino, a fim de agir, em todos os momentos, “santamente, religiosamente”. Mas, caráter nobre é formatura adquirida nos modos e
hábitos diários e não apenas em certos momentos, quase sempre vivenciados na esporadicidade de fundo imediatista, interesseiro ou comodista Conscientes dessa posição, podemos analisar inicialmente alguns aspectos que dizem respeito as definições e menções que adiante iremos apreciar. Isso porque não foi normalmente sob o nome passe, mas, via de regra, como “dom de curar”, “mediunidade curadora”, “imposição de mãos”, que o Codificador se referiu ao assunto em estudo. Além disso, em diversas ocasiões tratou deste tema nominando-o, genericamente, “magnetismo”, ainda que nessas oportunidades não deixasse dúvidas sobre que tipo de magnetismo4
se referia.
Na definição de mediunidade curadora dada por Kardec (é gênero de mediunidade que “consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação”5), já se percebe a abrangência com que ele tratou a matéria
Uma outra verificação bastante comum é que, se formos analisar enciclopédias e dicionários, notaremos que nem todas as referências existentes são em relação ao passe (no singular), que é a maneira usualmente empregada tanto no meio Espírita como na literatura espiritualista em geral, mas, preferencialmente, aos passes (no plural).
Importa ainda considerar que o termo “passe” tem significados distintos. Inicialmente era o passe apenas o nome dado ao gesto (ou ao conjunto destes) com fins de se movimentar “eflúvios”. Depois, entendido como atividade de cura, generalizou-se como a própria política da cura. No entendimento Espírita, ora é evocado como um, ora como outro sentido. Apesar disso, na maneira como venha a se empregar o termo, passe tanto pode ser entendido como uma terapia espírita, como uma parte do magnetismo, como
uma técnica de cura ou ainda como o sentido genérico da “fluidoterapia”.
Isto posto, vamos às definições, menções e equívocos que envolvem nosso assunto, advertindo antecipadamente que limitaremos tais abordagens pois ao longo da obra surgirão muitas outras oportunidades para novas citações, das mais variadas fontes.
2 KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 26,
item 10.
3 Mateus, VII, vv. 24 e 25.
4 Trataremos do assunto com mais detalhes no capítulo VIII - As Técnicas.
5 KARDEC, Allan. Médiuns curadores. In “O Livro dos Médiuns”, cap. 14, item 175b.
(ESTA PAGINA SERÁ MODIFICADA SEMANALMENTE)
domingo, 14 de março de 2010
II)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
Antes de prosseguirmos, analisemos as situações apresentadas já que, por serem muito comuns, justificam aproveitemos o ensejo.
1. "Foi fulano que me ensinou assim"; esta é a típica desculpa da pessoa que se sente (ou se diz) sempre "indisposta" e que, portanto, "não tem tempo para estudar". Perguntamos: será que só falta tempo mesmo para o estudo? E nosso propósito de servir ao próximo não merece de nós mesmos um pouco mais de esforço e dedicação? Será que nós gostaríamos de sermos atendidos, por exemplo, por um médico que nunca tem tempo para estudar? E será que a pessoa (ou a obra, Instituição, curso, etc.) que nos ensinou, ensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber reconhecer sem estudar? Bem se vê que só o estudo pode fornecer a segurança devida e nos coloca racionalmente ante nossos compromissos para com os irmãos que buscam nossa ajuda.
2. “Jesus só impunha as mãos e curava, portanto (...)"; aqui já não se trata de simples falta de estudo, mas, de desconhecimento até d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportunidade de (KARDEC, Allan. Da lei de adoração. In “O Livro dos Espíritos”, Parte 3ª, cap.2, item Adoração exterior, questão 655). apresentar várias situações envolvendo a ação fluídico-magnética do Cristo e veremos que não era só por imposição de mãos que Ele agia. Fica, desde já, a recomendação de que façamos uma leitura daquele livro, para conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais e práticos de como atuar nas curas.
3. "Já faz tanto tempo que aplico assim e dá bons resultados"; de fato, nada nos impede de procedermos sempre de uma única maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem; contudo, isto jamais quererá dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a apenas um método, a uma só ação, pois, nada há no mundo que seja ou deva ser tão restritamente especializado, Além do estudo e da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criatividade (no bom sentido) a fim de favorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" é considerado como resultado positivo não descarta a grande possibilidade de, em se melhorando o método ou as técnicas, obtê-lo mais excelente ainda "amanhã".
4. "Como a técnica é dos Espíritos, deixo que me utilizem e não atrapalho"; com toda franqueza, os que assim agem tomam uma postura, no mínimo, ridícula. Se nós evoluímos tanto nos Planos Espirituais quanto na Terra, por que não começarmos nosso aprendizado aqui, para aprimorá-lo quando lá estivermos?
Por que não pensarmos, a despeito dos Espíritos serem os grandes detentores das técnicas, que nossos conhecimentos e estudos contribuirão eficazmente nos processos de atendimentos fluidoterápicos, pois, permitirão que o trabalho se realize de forma mais participativa? E afinal, queremos ser médiuns passistas de fato ou simples marionetes nas mãos dos Espíritos?
E os Espíritos Superiores, por sua vez, estarão solicitando nossa participação como meros brinquedos liberadores de fluidos ou como companheiros efetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas necessitadas? Meditemos; meditemos bem, pois, assim como não nos cabe "atrapalhar" os trabalhos dos Espíritos amigos, compete-nos o dever de darmos e fazermos o melhor de nós mesmos, sempre!
Retomando nossa idéia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa descobrimos que a bibliografia não Espírita sobre o assunto é muitas vezes mais volumosa e variada que a nossa, o que, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Após "correr" as obras Espíritas sobre o passe e as "clássicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas outras, nas quais encontramos: fartas pesquisas, sérios aprofundamentos, hipóteses intrigantes e instigantes, e muitas novidades.
Infelizmente, porém, tudo de bom que lá se encontra quase sempre está misturado com muitas bobagens, montes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, graças a Deus) afrontas à moral, a Medicina e aos princípios éticos do bom senso, e tantos absurdos destituídos de qualquer lógica ou respaldo.
Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conseguirmos extrair dali as "pérolas dos bons ensinamentos", procurando não confundi-las com as "argilas endurecidas e cristalizadas dos equívocos e despropósitos" tão virulentamente a elas agregadas.
Nessa "garimpagem", concluímos pelo que excedia em evidência: grandes descobertas, graves estudos, profundas pesquisas e excelentes práticas podem e devem ser encetados nesta área pelos espíritas, pois, sem dúvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a céu aberto" (a Doutrina Espírita), o que nos livra de qualquer escuridão; contamos com cinco "mapas" (o Pentateuco Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiritualidade Superior) com profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes técnicos" (as obras subsidiárias de Espíritos como André Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de Miranda) de riquíssima precisão; temos à mão informações "geológicas do solo" com perfis (as obras clássicas e modernas do Magnetismo) já devidamente testados; não nos faltam "elementos" ("nossos" pacientes) para trabalharmos em nossa mineração;
possuímos "ferramentas" de primeira qualidade (nossa boa vontade e a disposição de servir); e, como se não bastasse, o nosso senhor é o maior e o melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristo, em nome de Deus).
Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo porque, aquilo que apresentamos como crítica generalizada logo no início desta "explicação", antes que em qualquer pessoa ou Instituição, ela foi aplicada sobre nós mesmos, com toda veemência e honestidade possível.
E por pensarmos que não seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa, análise e estudo, no qual encontramos verdadeiras "jóias raras", e não dividirmos as benesses daí advindas (tal como exemplificou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira edição de "O Livro dos Espíritos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim contribuirmos para um enriquecimento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe, da parte de todos nós.
(ESTA PUBLICAÇÃO SERÁ RENOVADA SEMANALMENTE)
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
Antes de prosseguirmos, analisemos as situações apresentadas já que, por serem muito comuns, justificam aproveitemos o ensejo.
1. "Foi fulano que me ensinou assim"; esta é a típica desculpa da pessoa que se sente (ou se diz) sempre "indisposta" e que, portanto, "não tem tempo para estudar". Perguntamos: será que só falta tempo mesmo para o estudo? E nosso propósito de servir ao próximo não merece de nós mesmos um pouco mais de esforço e dedicação? Será que nós gostaríamos de sermos atendidos, por exemplo, por um médico que nunca tem tempo para estudar? E será que a pessoa (ou a obra, Instituição, curso, etc.) que nos ensinou, ensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber reconhecer sem estudar? Bem se vê que só o estudo pode fornecer a segurança devida e nos coloca racionalmente ante nossos compromissos para com os irmãos que buscam nossa ajuda.
2. “Jesus só impunha as mãos e curava, portanto (...)"; aqui já não se trata de simples falta de estudo, mas, de desconhecimento até d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportunidade de (KARDEC, Allan. Da lei de adoração. In “O Livro dos Espíritos”, Parte 3ª, cap.2, item Adoração exterior, questão 655). apresentar várias situações envolvendo a ação fluídico-magnética do Cristo e veremos que não era só por imposição de mãos que Ele agia. Fica, desde já, a recomendação de que façamos uma leitura daquele livro, para conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais e práticos de como atuar nas curas.
3. "Já faz tanto tempo que aplico assim e dá bons resultados"; de fato, nada nos impede de procedermos sempre de uma única maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem; contudo, isto jamais quererá dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a apenas um método, a uma só ação, pois, nada há no mundo que seja ou deva ser tão restritamente especializado, Além do estudo e da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criatividade (no bom sentido) a fim de favorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" é considerado como resultado positivo não descarta a grande possibilidade de, em se melhorando o método ou as técnicas, obtê-lo mais excelente ainda "amanhã".
4. "Como a técnica é dos Espíritos, deixo que me utilizem e não atrapalho"; com toda franqueza, os que assim agem tomam uma postura, no mínimo, ridícula. Se nós evoluímos tanto nos Planos Espirituais quanto na Terra, por que não começarmos nosso aprendizado aqui, para aprimorá-lo quando lá estivermos?
Por que não pensarmos, a despeito dos Espíritos serem os grandes detentores das técnicas, que nossos conhecimentos e estudos contribuirão eficazmente nos processos de atendimentos fluidoterápicos, pois, permitirão que o trabalho se realize de forma mais participativa? E afinal, queremos ser médiuns passistas de fato ou simples marionetes nas mãos dos Espíritos?
E os Espíritos Superiores, por sua vez, estarão solicitando nossa participação como meros brinquedos liberadores de fluidos ou como companheiros efetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas necessitadas? Meditemos; meditemos bem, pois, assim como não nos cabe "atrapalhar" os trabalhos dos Espíritos amigos, compete-nos o dever de darmos e fazermos o melhor de nós mesmos, sempre!
Retomando nossa idéia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa descobrimos que a bibliografia não Espírita sobre o assunto é muitas vezes mais volumosa e variada que a nossa, o que, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Após "correr" as obras Espíritas sobre o passe e as "clássicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas outras, nas quais encontramos: fartas pesquisas, sérios aprofundamentos, hipóteses intrigantes e instigantes, e muitas novidades.
Infelizmente, porém, tudo de bom que lá se encontra quase sempre está misturado com muitas bobagens, montes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, graças a Deus) afrontas à moral, a Medicina e aos princípios éticos do bom senso, e tantos absurdos destituídos de qualquer lógica ou respaldo.
Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conseguirmos extrair dali as "pérolas dos bons ensinamentos", procurando não confundi-las com as "argilas endurecidas e cristalizadas dos equívocos e despropósitos" tão virulentamente a elas agregadas.
Nessa "garimpagem", concluímos pelo que excedia em evidência: grandes descobertas, graves estudos, profundas pesquisas e excelentes práticas podem e devem ser encetados nesta área pelos espíritas, pois, sem dúvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a céu aberto" (a Doutrina Espírita), o que nos livra de qualquer escuridão; contamos com cinco "mapas" (o Pentateuco Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiritualidade Superior) com profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes técnicos" (as obras subsidiárias de Espíritos como André Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de Miranda) de riquíssima precisão; temos à mão informações "geológicas do solo" com perfis (as obras clássicas e modernas do Magnetismo) já devidamente testados; não nos faltam "elementos" ("nossos" pacientes) para trabalharmos em nossa mineração;
possuímos "ferramentas" de primeira qualidade (nossa boa vontade e a disposição de servir); e, como se não bastasse, o nosso senhor é o maior e o melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristo, em nome de Deus).
Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo porque, aquilo que apresentamos como crítica generalizada logo no início desta "explicação", antes que em qualquer pessoa ou Instituição, ela foi aplicada sobre nós mesmos, com toda veemência e honestidade possível.
E por pensarmos que não seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa, análise e estudo, no qual encontramos verdadeiras "jóias raras", e não dividirmos as benesses daí advindas (tal como exemplificou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira edição de "O Livro dos Espíritos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim contribuirmos para um enriquecimento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe, da parte de todos nós.
(ESTA PUBLICAÇÃO SERÁ RENOVADA SEMANALMENTE)
sábado, 6 de março de 2010
O PASSE - SEU ESTUDO
Jacob Mello
Obs. Esta obra não contém os capítulos VIII e IX: As técnicas.
O Sumário se encontra no final da obra.
A SUBLIME DOAÇÃO
"E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te
dou. Em nome de Jesus-Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. (Atos, 3:6)
À porta do templo, chamada Formosa, o apóstolo Pedro e o deficiente físico.
Entre ambos um momento de expectativa.
Da alma cansada e sofrida - que espera.
Da alma plena de fé e estuante de amor - que doa.
Não há indagações nem hesitações.
Apenas a sublime doação.
Eis aí o significado profundamente belo e sublimado do passe: a doação de alma para alma.
* * *
Nosso amigo, Jacob Luiz de Melo, apresenta, nestas páginas que se vai ler, todo o processo dessa doação (em cuja passagem acima citada alcança a culminância) que denominamos, em nosso meio espírita - passes, as técnicas, a cura, os fluidos, o doador, o paciente, as diversas escolas, os efeitos, tudo, enfim, que é necessário para aprimoramento desse trabalho de verdadeira caridade, em nossas Casas Espíritas.
Para tanto, Jacob Melo se empenhou em pesquisar, estudar e meditar o passe. E mais ainda: apresenta a sua própria vivência, numa interação entre o conhecimento e a prática, especialmente porque tem ele, desde cedo, uma constante familiaridade com o ambiente espírita.
Há muito as nossas letras se ressentiam de uma obra deste porte, que abordasse o tema em suas angulações e peculiaridades; que atendesse à necessidade de cunho científico e àquelas da praticidade; que avaliasse, numa análise sensata e clara o que está sendo feito nesse campo de atendimento aos que chegam às instituições em busca de alívio e consolo. Para isso faz o autor uma leitura bastante atualizada e lúcida do nosso Movimento Espírita no tocante a essa área de atividade, tirando ilações e apresentando sugestões que possibilitem uma reciclagem e mudanças para que os objetivos superiores que norteiam essa tarefa sejam alcançados plenamente.
Vale ressaltar, de forma preponderante, que Jacob de Melo consegue transmitir tudo isto com distinção e arte, encontrando sempre a palavra adequada, o conceito bem colocado, a crítica sóbria e elevada que nos permitem entrever a sua própria nobreza íntima e o acendrado amor com que revestiu todo este trabalho, desde a sua ideação até o ponto final.
* * *
"O que tenho isto te dou" - diz Pedro.
Jacob Luiz de Melo, guardadas as devidas proporções, também faz a sua doação.
Suely Caldas Schubert
Juiz de Fora (MG), outubro de 1991
À GUISA DE EXPLICAÇÃO
“Aquele, porém, que a pratique (uma religião) por interesse e por ambição se torna desprezível
aos olhos de Deus e dos homens. A Deus não pobdem agradar os que fingem humilharse diante dele tão somente para granjear o aplauso dos homens”. Espírito da Verdade1
A despeito de quanto se tenha dito ou falado da validade ou não do passe na Casa Espírita, fato insofismável é que sua importância ali tem sido, e será sempre, muito grande. É difícil imaginarmos uma Instituição Espírita sem possuir trabalhos de assistência espiritual através desse dispositivo terapêutico. Seu uso é tão comum e suas técnicas, em geral, são tão simples que nos perguntamos por que tanta confusão, por que tanto impasse quando se quer entender o passe ou abordar-lhe os princípios?!
Nos ensina a lógica que, quando um assunto afeta a tantos e comporta exames, análises, comparações, comprovações e experiências, imediatamente surgem os pesquisadores e divulgadores sérios – apesar dos "mistificadores" de todos os tempos —, fazendo brotar boas obras e importantes referências, em número proporcional ao uso e ao interesse. Entretanto, estranha e contrariamente a isso, o passe, mesmo com seu milenar conhecimento e sua eficácia ecumenicamente propalada, tem sido muito pouco pesquisado, notadamente por quem mais lhe difunde o valor em nossas "bandas ocidentais": os espíritas.
Se recorrermos à bibliografia Espírita, que em inúmeras áreas é de uma fartura impresionante, nos espantaremos com o reduzido número de obras que tratam do assunto, mormente se de forma especializada.
E se formos exigentes quanto à qualidade, como, inclusive, deveremos ser, tal número não caberá na contagem dos dedos de uma única mão. É, deveras, de espantar tão estranho comportamento pois, bem o sabemos, não apenas este assunto interessa muito (e a muitos), como ainda não temos sobre ele uma abordagem mais consentânea com a universalidade dos ensinos pertinentes - tal como se faz requerida e como bem sugeriu Allan Kardec, através de seu exemplo, pelo comportamento pessoal dado ao trato da Codificação.
Mesmo sem precipitar julgamentos, o que se nos afigura como justificativa para esse comportamento é uma certa e generalizada acomodação. Ao que vimos sentindo, todos queremos aprender, fazer certo, entender, mas, situações como: "fulano disse que é assim que se aplica passe" ou "não preciso estudar técnicas e teorias porque Jesus apenas impunha as mãos e curava", têm servido de desculpas para um genérico "cruzar os braços", em vez de "pormos mãos à obra".
De outra maneira, como é comum se querer aprender a aplicar passe "rapidinho", quase sempre se busca, apenas, "breves estudos", simplórios "manuais"... Nessa "pressa", costumamos assimilar certas orientações equivocadas e, muitas vezes, nelas nos cristalizamos, adotando técnicas e posturas nem sempre coerentes. Em conseqüência, com o passar do tempo, tentamos justificar nosso procedimento com frases tipo: "já aplico passes há "tantos" anos e tenho obtido excelentes resultados", ou usamos da cômoda transferência de deveres: "deixo aos Espíritos a responsabilidade pois a técnica é deles mesmos e eles podem usar meus fluidos como quiserem que não atrapalho"
(ESTE ESTUDO TERÁ CONTINUIDADE COM NOVA PÁGINA CADA 10 DIAS)
Jacob Mello
Obs. Esta obra não contém os capítulos VIII e IX: As técnicas.
O Sumário se encontra no final da obra.
A SUBLIME DOAÇÃO
"E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te
dou. Em nome de Jesus-Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. (Atos, 3:6)
À porta do templo, chamada Formosa, o apóstolo Pedro e o deficiente físico.
Entre ambos um momento de expectativa.
Da alma cansada e sofrida - que espera.
Da alma plena de fé e estuante de amor - que doa.
Não há indagações nem hesitações.
Apenas a sublime doação.
Eis aí o significado profundamente belo e sublimado do passe: a doação de alma para alma.
* * *
Nosso amigo, Jacob Luiz de Melo, apresenta, nestas páginas que se vai ler, todo o processo dessa doação (em cuja passagem acima citada alcança a culminância) que denominamos, em nosso meio espírita - passes, as técnicas, a cura, os fluidos, o doador, o paciente, as diversas escolas, os efeitos, tudo, enfim, que é necessário para aprimoramento desse trabalho de verdadeira caridade, em nossas Casas Espíritas.
Para tanto, Jacob Melo se empenhou em pesquisar, estudar e meditar o passe. E mais ainda: apresenta a sua própria vivência, numa interação entre o conhecimento e a prática, especialmente porque tem ele, desde cedo, uma constante familiaridade com o ambiente espírita.
Há muito as nossas letras se ressentiam de uma obra deste porte, que abordasse o tema em suas angulações e peculiaridades; que atendesse à necessidade de cunho científico e àquelas da praticidade; que avaliasse, numa análise sensata e clara o que está sendo feito nesse campo de atendimento aos que chegam às instituições em busca de alívio e consolo. Para isso faz o autor uma leitura bastante atualizada e lúcida do nosso Movimento Espírita no tocante a essa área de atividade, tirando ilações e apresentando sugestões que possibilitem uma reciclagem e mudanças para que os objetivos superiores que norteiam essa tarefa sejam alcançados plenamente.
Vale ressaltar, de forma preponderante, que Jacob de Melo consegue transmitir tudo isto com distinção e arte, encontrando sempre a palavra adequada, o conceito bem colocado, a crítica sóbria e elevada que nos permitem entrever a sua própria nobreza íntima e o acendrado amor com que revestiu todo este trabalho, desde a sua ideação até o ponto final.
* * *
"O que tenho isto te dou" - diz Pedro.
Jacob Luiz de Melo, guardadas as devidas proporções, também faz a sua doação.
Suely Caldas Schubert
Juiz de Fora (MG), outubro de 1991
À GUISA DE EXPLICAÇÃO
“Aquele, porém, que a pratique (uma religião) por interesse e por ambição se torna desprezível
aos olhos de Deus e dos homens. A Deus não pobdem agradar os que fingem humilharse diante dele tão somente para granjear o aplauso dos homens”. Espírito da Verdade1
A despeito de quanto se tenha dito ou falado da validade ou não do passe na Casa Espírita, fato insofismável é que sua importância ali tem sido, e será sempre, muito grande. É difícil imaginarmos uma Instituição Espírita sem possuir trabalhos de assistência espiritual através desse dispositivo terapêutico. Seu uso é tão comum e suas técnicas, em geral, são tão simples que nos perguntamos por que tanta confusão, por que tanto impasse quando se quer entender o passe ou abordar-lhe os princípios?!
Nos ensina a lógica que, quando um assunto afeta a tantos e comporta exames, análises, comparações, comprovações e experiências, imediatamente surgem os pesquisadores e divulgadores sérios – apesar dos "mistificadores" de todos os tempos —, fazendo brotar boas obras e importantes referências, em número proporcional ao uso e ao interesse. Entretanto, estranha e contrariamente a isso, o passe, mesmo com seu milenar conhecimento e sua eficácia ecumenicamente propalada, tem sido muito pouco pesquisado, notadamente por quem mais lhe difunde o valor em nossas "bandas ocidentais": os espíritas.
Se recorrermos à bibliografia Espírita, que em inúmeras áreas é de uma fartura impresionante, nos espantaremos com o reduzido número de obras que tratam do assunto, mormente se de forma especializada.
E se formos exigentes quanto à qualidade, como, inclusive, deveremos ser, tal número não caberá na contagem dos dedos de uma única mão. É, deveras, de espantar tão estranho comportamento pois, bem o sabemos, não apenas este assunto interessa muito (e a muitos), como ainda não temos sobre ele uma abordagem mais consentânea com a universalidade dos ensinos pertinentes - tal como se faz requerida e como bem sugeriu Allan Kardec, através de seu exemplo, pelo comportamento pessoal dado ao trato da Codificação.
Mesmo sem precipitar julgamentos, o que se nos afigura como justificativa para esse comportamento é uma certa e generalizada acomodação. Ao que vimos sentindo, todos queremos aprender, fazer certo, entender, mas, situações como: "fulano disse que é assim que se aplica passe" ou "não preciso estudar técnicas e teorias porque Jesus apenas impunha as mãos e curava", têm servido de desculpas para um genérico "cruzar os braços", em vez de "pormos mãos à obra".
De outra maneira, como é comum se querer aprender a aplicar passe "rapidinho", quase sempre se busca, apenas, "breves estudos", simplórios "manuais"... Nessa "pressa", costumamos assimilar certas orientações equivocadas e, muitas vezes, nelas nos cristalizamos, adotando técnicas e posturas nem sempre coerentes. Em conseqüência, com o passar do tempo, tentamos justificar nosso procedimento com frases tipo: "já aplico passes há "tantos" anos e tenho obtido excelentes resultados", ou usamos da cômoda transferência de deveres: "deixo aos Espíritos a responsabilidade pois a técnica é deles mesmos e eles podem usar meus fluidos como quiserem que não atrapalho"
(ESTE ESTUDO TERÁ CONTINUIDADE COM NOVA PÁGINA CADA 10 DIAS)
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