segunda-feira, 12 de maio de 2008

A DOUTRINA ESPÍRITA E O CONTROLE UNIVERSAL DOS ENSINOS ESPÍIRTAS



A DOUTRINA ESPÍRITA E O CONTROLE UNIVERSAL DOS ENSINAMENTOS ESPÍRITAS.
O progresso intelectual e moral são molas mestras que nos impulsionam em roteiros evolutivos, quer sejamos encarnados ou desencarnados. A inteligência, a sede do desconhecido e a busca do saber são inegáveis fatores, ao longo dos milênios, que nos elevaram espiritualmente, do princípio vital nos primórdios da criação terrena, aos píncaros da civilização que hoje desfrutamos. Sabemos que longe estamos do que imaginamos de perfeição, que nossa jornada é longa, contudo em nós reside a chama eterna que nos impulsiona a caminho da luz. Nosso estofo é progredir sempre, almejando o infinito em roteiros à parcial perfeição.
Assim é com as ciências e com as religiões. Consolidadas, graças às pesquisas visando o equilíbrio material das criaturas ou a garantia de estreitar os laços espirituais com o Criador, são paralelas coplanares, mas nem sempre simétricas que após indefinido tempo e percursos, se unirão ante a lógica e razão comum, tornando-se unos no Todo.
A nossa Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, sob inequívocas orientações de inúmeros desencarnados, os quais, no momento propício, se propuseram a trazer-nos renovadas notícias do Evangelho de Jesus, ao fecho final das obras básicas, a nós, encarnados, foi entregue como legado. A partir deste momento, cuidaríamos, sob a supervisão das mentes esclarecidas daqueles mesmos desencarnados que dela foram arautos, dos objetivos traçados e que dela fizéssemos o correto uso, preservando suas bases e promovendo indispensáveis progressos, inerentes por sua condição de filosofia científica e religiosa, já que do Codificador ou de seus orientadores espirituais não foi dita como final e definitivo todo o seu contexto.
Devido a esta natural condição progressiva, indispensável que novas opiniões surjam a cada momento. Algumas, somando e fortalecendo suas bases; outras, por afoiteza ou desaviso, procuram tumultuar, na vã tentativa de levar cismas ao seio da Doutrina.
Kardec, na visão ampla do futuro da obra em que ele humildemente colaborou assim se manifesta em "Obras Póstumas" pág. 314, sobre Os Cismas:

“Uma questão que se apresenta em primeiro lugar no pensamento é a dos Cismas que poderão nascer no seio da Doutrina; o Espiritismo deles será preservado?
Não, seguramente, porque terá, no começo, sobretudo, que lutar contra as idéias pessoais, sempre absolutas, tenazes, lentas em se harmonizarem com as idéias de outrem, e contra a ambição daqueles que querem ligar, mesmo assim, o seu nome a uma inovação qualquer; que criam novidades unicamente para poderem dizer que não pensam e não fazem como os outros; ou porque o seu amor-próprio sofre por não ocupar senão uma posição secundária.
Se o Espiritismo não pode escapar das fraquezas humanas, com as quais é preciso sempre contar, pode paralisar-lhes as conseqüências, e é o essencial.
Há a se notar que os numerosos sistemas divergentes, eclodidos na origem do Espiritismo, sobre a maneira de explicar os atos, desapareceram à medida que a Doutrina foi completada pela observação e por uma teoria racional; é com dificuldade, hoje, se esses primeiros sistemas encontram alguns raros.
partidários.
Aí está um fato notório de onde se pode concluir que as últimas divergências se apagarão com a completa elucidação de todas as partes da Doutrina; mas haverá sempre dissidentes de caso pensado, interessados, por uma causa ou por outra, em constituir bando à parte: é contra essa pretensão que é preciso se premunir.
Para se assegurar da unidade no futuro, uma condição é indispensável, é que todas as partes do conjunto da Doutrina sejam determinadas com precisão e clareza, sem nada deixar no vago; para isso fizemos de modo que os nossos escritos não possam dar lugar a nenhuma interpretação contraditória, e trataremos que isso seja sempre assim.
Quando se tiver dito, com firmeza e sem ambigüidade, que dois e dois são quatro, ninguém poderá pretender que se quis dizer que dois e dois fazem cinco. Poderão, pois, se formar, ao lado da Doutrina, seitas que não lhe adotem os princípios, ou todos os princípios, mas não na Doutrina pela interpretação do texto, como se formaram tão numerosas sobre o sentido das próprias palavras do Evangelho. Aí está um primeiro ponto de uma importância capital.
O segundo ponto é o de não sair do círculo das idéias práticas.
Se é verdade que a utopia da véspera, freqüentemente, seja a verdade do ia seguinte, deixemos ao dia seguinte o cuidado de realizar a utopia da véspera, mas não embaracemos a Doutrina com princípios que seriam considerados quimeras e a fariam rejeitar pelos homens positivos.
O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente progressivo da Doutrina. Do fato de que ela não embala sonhos irrealizáveis para o presente, não se segue que se imobiliza no presente.
Exclusivamente apoiada sobre as leis da natureza, não pode mais variar do que essas leis, mas se uma nova lei é descoberta, deve a ela ligar-se; não deve fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar: assimilando todas as idéias reconhecidas justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas, não será jamais ultrapassada, e aí está uma das principais garantias de sua perpetuidade.
Se, pois, uma seita se forma ao seu lado, fundada ou não sobre os princípios do Espiritismo, ocorrerá de duas coisas uma: ou essa seita estará na verdade ou ela não o estará; se não estiver, cairá por si mesma sob o ascendente da razão e o senso comum, como já tantas outras caíram há séculos; se as suas idéias forem justas, não fosse senão sobre um ponto, a Doutrina, que procura o bem e a verdade por toda parte onde se encontrem, as assimilará, de sorte que, em lugar de ser absorvida, é ela que absorve.
Se alguns de seus membros venham a dela se separar, é porque crêem poder fazer coisa melhor; se fazem realmente algo melhor, ela os imitará; se fazem melhor ainda, ela se esforçará para fazê-lo igualmente, e mais se isso se pode; se fazem mais mal, ela os deixará fazer, certa de que, cedo ou tarde, o bem dominará sobre o mal, e o verdadeiro sobre o falso. Eis a única luta que ela estabelecerá.
Acrescentamos que a tolerância, conseqüência da caridade, que é à base da moral espírita, lhe faz um dever respeitar todas as crenças. Querendo ser aceita livremente, por convicção e não por constrangimento, proclamando a liberdade de consciência como um direito natural imprescritível, diz: Se tenho razão, os outros acabarão por pensar como eu; se estou errado, acabarei por pensar como os outros. Em virtude desses princípios, não lançando a pedra em ninguém, não dará nenhum pretexto para represálias, e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos.
O programa da Doutrina não será, pois, invariável senão sobre os princípios passados ao estado de verdades constatadas; ara os outros, não os admitirá como sempre fez, senão a título de hipóteses, até a sua confirmação. Se lhe for demonstrado que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á nesse ponto.
A verdade absoluta é eterna, e, por isso mesmo, invariável; mas quem pode se gabar de possuí-la inteiramente? No estado de imperfeição de nossos conhecimentos, o que nos parece falso hoje, pode ser reconhecido verdadeiro amanhã, em conseqüência da descoberta de novas leis; assim o é na ordem moral como na ordem física. É contra essa eventualidade que a Doutrina não deve jamais se encontrar desguarnecida. O princípio progressivo, que ela inscreveu em seu código, será a salvaguarda de sua perpetuidade, e sua unidade será mantida precisamente porque ela não repousa sobre o princípio da imobilidade.
A imobilidade, em lugar de ser uma força, se torna uma causa de fraqueza e de ruína, para quem não segue o movimento geral; rompe a unidade porque aqueles que querem ir adiante se separam daqueles que se obstinam em permanecer atrasados. Mas, seguindo em tudo o movimento progressivo, é necessário fazê-lo com prudência e se guardar de dar-se, temerariamente, aos sonhos das utopias e dos sistemas; é preciso fazê-lo a tempo, nem muito cedo e nem muito tarde, e com conhecimento de causa.
Compreende-se que uma doutrina, assentada sobre tais bases, deva ser realmente forte; desconfia de toda concorrência e neutraliza a pretensão de seus competidores. A experiência, aliás, já justificou essa previsão. Tendo a Doutrina caminhado sem cessar nesse caminho, desde a sua origem, constantemente avançou, mas sem precipitação, olhando sempre se o terreno, onde ela põe o pé, está sólido, e medindo seus passos sobre o estado da opinião. Ela faz como o navegador que não segue senão com a sonda na mão e consultando os ventos.
Em “O Livro dos Médiuns”, capitão XXXI, item XXVIII, nota de rodapé, Kardec faz a seguinte recomendação
:
“A melhor garantia de que um princípio é a expressar da verdade se encontra em ser ensinado e revelado por diferentes espíritos, com o concurso de médiuns diversos, desconhecidos uns dos outros e em lugares vários, e em ser, ao demais, confirmado peta razão e sancionado pela adesão do maior número. Só a verdade pode fornecer raízes a uma doutrina. Um Sistema errôneo pode, sem dúvida, reunir alguns aderentes; mas, como lhe falta a primeira condição de vitalidade, efêmera será a sua existência. Não há, pois, motivo para que com ele nos inquietemos. Seus próprios erros o matam e a sua queda será inevitável aos golpes da poderosa arma que é a lógica.”
No “Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução, item II, parágrafo 9º, a recomendação de Kardec sobre o controle universal dos ensinos espíritas se repete:
"Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares."
O método do controle universal dos ensinos espíritas, que Kardec utilizava para compilar os livros da codificação, era um critério dele para que não fosse enganado por espíritos mistificadores. Algumas pessoas trouxeram esta prática à tona, querendo reimplantar tal "Controle", caindo no engano de promoverem uma "inquisição" às obras de tantos espíritos respeitáveis, além de pensarem estar em condições equiparadas às do Codificador, quanto à capacidade metódica, seletiva e intelectual do mesmo. Hoje esse método não se faz necessário, pois tudo o que Emmanuel, Joana de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda e André Luiz trazem, diz respeito à Codificação Espírita de Allan Kardec, ou seja, nada de novo. O que Kardec fez no passado foi evitar que a Doutrina nascente se fundasse em falsos postulados. Depois que ela passou a existir como doutrina sólida e perfeita, não se tornou mais necessária a utilização desse método, já que as novas mensagens de Espíritos poderiam ser passadas pelo crivo da própria codificação.
Jorge Hessen, em artigo na página da Sociedade Espírita Nova Era acerca do O CONTROLE UNIVERSAL DOS ENSINOS DOS ESPÍRITOS, em parte do artigo, comenta:
(...)
De fato, CUEE foi um método científico empregado pelo Codificador na consolidação da estrutura da doutrina nascente e na implementação de seus pilotis. O mestre Lionês, sabendo que a morte não tornava mais sábio ou mais ignorante o espírito desencarnado, precisava de um critério seguro para poder compilar as diversas informações trazidas pela espiritualidade.
Sabendo que havia espíritos mistificadores, brincalhões e pseudo-sábios, Kardec fez com que todo o conteúdo doutrinário passasse pela filtragem do CUEE, ou seja, toda mensagem ditada pelos espíritos tinha que ser confirmada por diversos médiuns, preferencialmente, sem que tivessem qualquer contato entre si, e que ocorressem quase que simultaneamente. Kardec explica na Revista Espírita, em abril de 1864, que um homem pode ser enganado, ou mesmo enganar-se. Contudo, tal fato não se dá, quando milhões de homens vêem e ouvem a mesma coisa: é uma garantia para cada um e para todos. Sabemos que essa universalidade do ensino dos Espíritos constitui o baluarte do Espiritismo.
O primeiro controle das mensagens é o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos. Segue-se, ao supremo controle da razão, a opinião da maioria. Compreende-se que, aqui, não se trata de comunicações relativas a interesses secundários.
O controle universal é uma garantia para a futura unidade do Espiritismo e tende a anular todas as teorias contraditórias. Destarte, o que torna o Espírito André Luiz crido é que, por toda parte, observamos a confirmação das suas mensagens, através do testemunho de líderes consagrados no mundo inteiro.
Que influências poderiam exercer André Luiz ou Emmanuel, com suas mensagens, se elas fossem desmentidas, tanto pelos Espíritos, quanto pela liderança espírita mundial? Se um Espírito afirma uma coisa de um lado, enquanto milhões de pessoas dizem o contrário alhures, a presunção da verdade não pode estar com aquele, cuja opinião é única, contrariando as demais.
Ora, pretender ser o único a ter razão, contra todos, seria tão ilógico da parte de um Espírito, quanto da parte de um homem, o que não é o caso em discussão. Todas as pretensões isoladas cairão pela força das coisas, ante o grande e poderoso criterium de controle universal. Porém, as mensagens de André Luiz não caíram e jamais cairão. (...)
Pelo exposto, não nos parecem consolidadas as sombras das dúvidas que ora se lançam sobre a mediunidade de Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvone do Amaral Pereira e tantos outros companheiros que foram médiuns humildes e dedicados a inúmeras obras por eles psicografadas.
Cismas essas que surgiram porque espíritos, irmãos nossos, imbuídos de exacerbada prudência doutrinária, levantam precipitadas restrições aos trabalhos desenvolvidos, simplesmente por que essas obras mediúnicas e literárias não foram passíveis de exame pelo CUEE.

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