quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Com Você Mesmo

Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas será que você já pensou nas facilidades em suas mãos?
Observemos.
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da multa legal, com expressiva taxa pelo consumo de luz e força elétricas; todavia, a usina solar que lhes fornece claridade, calor e vida, nem é assinalada comumente pela sua memória...
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias...
Você adquire na feira, com apreciáveis somas, todo gênero alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio - elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo - é utilizado em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação...
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o guarda-roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve ao corpo de carne a resguardar-lhe o espírito...
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de um só dente artificial; entretanto, nada despendeu você para obter a dentadura natural completa...
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça; todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante a instante, os mais complicados pensamentos...
Você gasta quantias estimáveis para assistir a esse ou àquele espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de flores e o céu faiscante de estrelas...
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral; no entanto, ouve diariamente a divina música da natureza, sem consumir vintém...
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens e indenizar hotéis, sempre que se desloca de casa; não obstante, passa-lhe desapercebido o prêmio vultoso que recebeu com o próprio ingresso na romagem terrestre...
Não desespere e nem se lastime...
Atendamos à realidade, compreendendo que a alegria e a esperança, expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos básicos da vida a erguer-se, cada momento, por sinfonia maravilhosa.

André Luiz
(O Espírito da Verdade, 66, FEB)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Eles vivem

Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração. Eles não morreram. Estão vivos.Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo. Inquietam-se com sua rendição aos desafios da angústia quando te afastas da confiança em Deus. Eles sabem igualmente quanto dói a separação. Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiram responder as interpelações que articulaste no auge da amargura. Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor. Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa ou lhes enfeitas a memória perguntando porque. Pensa neles com a saudade convertida em oração. As tua preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando-os para visões mais altas na vida. Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo por infatigáveis zeladores de teus dias. Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária. Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material... Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro de Novo Despertar.

Emmanuel / Francisco Cândido Xavier